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Associação do voo 447 pressiona autoridades

A Associação das Famílias das Vítimas do Voo Air France 447 entrará nos próximos dias com representações no Ministério Público Federal e na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para exigir que as autoridades brasileiras acompanhem de perto as investigações sobre o acidente, hoje tarefa quase exclusiva das autoridades francesas. Amanhã (16/7), o presidente da associação, Nelson Faria Marinho, e o diretor-executivo, Maarten van Sluys, desembarcam em Paris para um encontro com representantes de famílias de vítimas francesas e alemãs do acidente. A reunião será realizada dois dias depois da chegada dos 643 destroços da aeronave à França, onde serão analisados nos hangares da Airbus.

Como as investigações sobre as causas do acidente estão a cargo das autoridades francesas, os representantes da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 reclamam da falta de informações para os parentes. Além da reivindicação do acompanhamento das apurações, a associação quer ser reconhecida como  representação institucional das famílias frente às autoridades nacionais e no exterior, além de cobrar ações imediatas que possam garantir uma maior segurança de voo.
 – Sabemos que não podemos trazer de volta as pessoas que perderam a vida nessa tragédia, mas estamos certos de que só de forma organizada poderemos fazer com que este desastre não tenha sido em vão – disse o presidente Nelson Faria Marinho, que perdeu o filho Nelson Marinho, 40 anos, no acidente.

– Eu me sinto no papel de um auditor – acrescentou o diretor-executivo da entidade, Maarten van Sluys, que perdeu a irmã Adriana Francisca.  – Queremos descobrir o que houve exatamente com aquelas pessoas. Hoje, estamos à margem das investigações. Que houve uma falha, ou várias, todos nós sabemos, ou o avião não teria caído. A associação vai ouvir especialistas em segurança de voo que poderão recomendar mudanças. Nossa ideia é, como associação, sentar à mesa com as autoridades e reivindicar, se necessário, alterações técnicas de projeto das aeronaves, de normas de voo e de rotas. São vidas que serão salvas no futuro.
 
Nelson Faria Marinho disse que muitas famílias ainda não tiveram acesso ao documento de presunção de óbito. Dos corpos resgatados, sete ainda não foram identificados. Um mês depois da tragédia, algumas famílias ainda não receberam o adiantamento do seguro para necessidades imediatas, sob responsabilidade da agência internacional AXA. É o caso de Sylvain Owondo, 28 anos, que junto com três irmãos perdeu o pai, Joseph, no desastre.

 – Até agora, ninguém nos procurou e não recebemos nada – queixou-se Sylvain, também integrante da associação. – Essa entidade poderá fazer com que nossos direitos sejam preservados e as causas desse acidente sejam descobertas.

Sobre as indenizações, Nelson Faria Marinho ressaltou que o ingresso na associação não vincula a família a nenhum tipo de estratégia jurídica:
– Lembro que cada família é livre para tomar sua própria decisão. A única coisa que nós sugerimos é ter calma e não se apressar para entrar na Justiça brasileira. Essa pode não ser a melhor saída, conforme mostra o desenrolar jurídico de outros acidentes como este, onde há diversas jurisdições envolvidas. Assim, por exemplo, tenho a possibilidade de ingressar na corte americana onde, historicamente, sentenças sobre acidentes aéreos têm sido muito mais justas e rápidas.
O número de integrantes da associação tem crescido dia a dia, contando até mesmo com associados de outros países. Os representantes da entidade pediram que as famílias interessadas em se associar entrem em contado por meio do endereço eletrônico [email protected]. O ingresso na associaçao é gratuito.

Fonte: Da Redação