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Crítica da série “O Mecanismo”

Por Graça Paes  (Agência Zapp News) 

 

 

A série teve sua estreia dia 23 de março, em 190 países, e é original da Netflix. É um mix de ficção e realidade, com base em um livro sobre a operação Lava Jato. Tem pitadas de acontecimentos da vida real e retrata fatos como a corrupção, lavagem de dinheiro, política, empresas, empresários, Polícia Federal, MP, STJ, entre outros. Dizer que tem fake news se tratando de uma obra ficcional, baseada em fatos reais, não se justifica.  Apesar dos esquerdistas estarem revoltados, a série não tem personagens reais. Todos os personagens são fictícios, por mais que remetam a exemplificação de personagens reais, sendo os reais, pessoas envolvidas nas investigações da operação Lava Jato e demais fatos ligados ao tema. O ideal é assistir sem levar em conta convicções politicas. 

 

 

Seguindo a fórmula de Tropa de Elite 1 e 2, a série, que tem a pegada de José Padilha, O mecanismo também possui narração. O recurso é válido e deu muito certo na sequência do filme Tropa 1 e 2, mas na série, não sei se pelo fato do Padilha só ter dirigido o primeiro episódio, e dos demais terem outra direção, a narração sofre deslizes, por causa do som. Em alguns episódios, o som compromete essa narrativa, nada que comprometa o resultado final, porque no todo, a série te prende, tanto que eu assisti os oito episódios em dois dias, mas é claro que este fato atrapalha o entendimento de algumas falas. O que é um pecado, mas que aconteceu.

 

 

 

A série tem muitos pontos positivos também. ‘O Mecanismo’ tem uma excelente fotografia, cenários e figurinos muito bons. A direção de arte também foi bem detalhista quanto a distintivos e outros recursos utilizados, como a parede que é quebrada em uma das cenas, entre outros,  a arte está de parabéns. Porém, não podemos dizer o mesmo da continuidade que compromete algumas cenas, mas que só os erros só irão ser percebidos por quem for muito detalhista.

 

 

Um fato que chama a atenção é que deixou a desejar no fator produção é a cena em que um dos personagens sai de um coma, após ter sido atingido por um tiro, que comprometeu sua mandíbula, e ter passado por cirurgia. E este personagem em questão passa meses num CTI, e quando sai do coma ainda está com uma atadura envolvendo todo o seu rosto, a atadura está em volta de sua cabeça, o que não se justifica, após meses de internação, pois uma cirurgia desse porte não leva meses para recuperação, assim como não se justifica uma atadura por cima de uma barba. E, este mesmo personagem volta para casa barbado e com uma atadura no rosto. Detalhes, que para uma série que será exibida em 190 países, poderia ter sido visto e analisado até mesmo na edição. 

 

Outro fato que também merece ser ressaltado é a enorme quantidade de cenas de nu e de sexo. Fato que foi muito usado no cinema nacional dos anos 70, 80, e que ainda hoje é explorado por alguns diretores, mas que na série não se justifica. Compromete um pouco. Parece apelação. Desnecessária a exposição dos corpos das atrizes que são, na série, mulheres íntegras, cujo o sexo apenas complementa suas relações, não é o foco da série. Aliás, este é um recurso que deveria ser bem mais analisado ao ser utilizado no audiovisual  nacional para não cair no quesito apelação e tornar uma bela cena vulgar.

 

 

Política e partidarismo a parte, não há nada que justifique o discurso de cancelamento da assinatura do Netflix ou o julgamento injusto e errôneo das atuações do elenco. O elenco, como um todo, está muito bem em cena. Palmas para o Padilha e sua produção também pela excelente escolha do casting  e por terem dado oportunidade a atores esquecidos pelos produtores de elenco. É maravilhoso poder ver atuando, e tão brilhantemente, aqueles que nos dão a honra de apreciar suas belíssimas dublagens. Selton Mello, como todos os atores do casting masculino, e Carol Abras, como todas do casting feminino estão muito bem em cena. Até mesmo nas cenas de sexo e de nudez que estão bem dirigidas, apesar de achá-las desnecessárias ao contexto.

 

Não se pode classificar a série como ótima, devido aos erros técnicos, mas é uma série que te prende, que aguça a vontade de querer ver logo todos os episódios e te faz esperar ansiosamente e torcer pela segunda temporada, sim.  

 

Para quem não assistiu, O Mecanismo é uma série original da Netfix criada por José Padilha, que dirigiu filmes como: “Ônibus 174” , “Tropa de Elite 1 e 2”, Robocop, e as séries “narcos e “Elite Squad”. Padilha criou a série, mas dirigiu apenas o primeiro episódio. Os episódios 2 e 3 são dirigidos por Felipe Prado, 4, 5 e 6 por Marcos Prado e os episódios 7 e 8 por Daniel Rezende.

 

O roteiro é de Elena Soárez e foi inspirado no livro: “Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil”, escrito pelo jornalista Vladimir Netto. Roteiro, aliás, muito bem escrito.

 

A produção é baseada em fatos reais que remetem ao início da operação da Lava Jato.  E, tem uma pegada completamente diferente do longa-metragem, “Polícia Federal — A Lei É para Todos”, que também foi baseado em um livro, do mesmo nome, de Carlos Graieb e Ana Maria Santos.

 

A série nos mostra Marco Ruffo (Selton Mello), um delegado aposentado da Polícia Federal obcecado pelo caso que está investiga e que tem o apoio de sua aprendiz, Verena Cardoni (Carol Abras). Esta investigação é capaz de mudar o rumo dos personagens da série e envolve acontecimentos que abalam toda uma nação.

 

Vale a pena assistir e não deixa a desejar em relação a séries internacionais. Se formos levar ao pé da letra poderemos citar até filmes de hollywood com problemas de som, continuidade, pesquisa, não é mesmo, o que não compromete o trabalho do José Padilha, em O Mecanismo, e nem dos demais diretores que dividem a série com ele.  

 

A Agência Zapp News dá nota 8. E, torce para que tenha a segunda temporada.