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Rocinha passa por Raio-X

Uma das comunidades carentes mais conhecidas do Rio, inclusive no exterior, a Rocinha acaba de passar por um grande raio-x, jamais feito, que revela detalhes do seu dia-a-dia comunitário e empresarial. O censo inédito, coordenado pela Secretaria de Estado da Casa Civil, contabilizou 38.029 imóveis e 100.818 habitantes (51,5% mulheres e 48,5% homens) – número muito superior aos 56 mil moradores da última contagem do IBGE, de 2000.

O estudo confirma algumas antigas impressões: a maioria dos empreendedores ou empresas é informal (91,1%); e a grande quantidade de becos e ruas estreitas – veículos só trafegam em 7,5% delas – dificulta ou impede o acesso dos mais variados serviços (só 30,1% dos moradores recebem correspondências em casa, por exemplo). Ao mesmo tempo, destrói velhos mitos: o boom do crescimento habitacional é recente (35,8% dos imóveis surgiram do ano 2000 para cá, contra 11,5% que são da década de 90 e 8,9% da de 80); e o abastecimento de água é feito pela rede oficial em 90,6% dos logradouros.

Os resultados da pesquisa vão orientar o Governo do Estado a direcionar investimentos de R$ 25 milhões em ações e programas de melhoria para a Rocinha.
– Algumas intervenções, que muitas vezes nem são tão caras, podem melhorar muito a vida das pessoas. Estamos trabalhando para que a comunidade não cresça mais e para que as pessoas que já moram lá tenham uma vida melhor – afirma o secretário-chefe da Casa Civil, Regis Fichtner.
O censo mostra que a comunidade tem atualmente 34.465 imóveis domiciliares e 3.564 não-domiciliares. A maior parte dos domicílios é formada por casas (55,6%, contra 36,7% de apartamentos). Desses imóveis, 32,8% têm quatro cômodos (que, não necessariamente, são quartos) e nada menos do que 61,8% deles são próprios – e já quitados –, contra 34,2% alugados. Ainda em relação às residências, há telefones fixos em apenas 32,2% delas e a maioria dos acessos se dá através de becos (34%) e escadarias (33%).

Os principais problemas apontados pelos moradores sobre suas próprias casas foram pouca iluminação (41,9%) e pouca ventilação natural (41,8%), pouco espaço (48,3%) e paredes ou chão úmidos (20,6%). E, quando os pesquisadores perguntaram “O que falta para que a sua moradia seja melhor?”, as principais respostas foram ampliação da casa (10,4%), reforma (7,5%) e saneamento básico (6,6%). No entanto, o estudo revela que 86% dos domicílios estão oficialmente ligados à rede geral de esgoto.

No que se refere à esfera empresarial, há na Rocinha 6.508 empresas ou empreendedores, dos quais apenas 8,1% são formais (pagam impostos). O principal ramo de atividade é o de serviços (79,7%), seguido de longe pelo comércio (18,5%). E os empreendimentos não-familiares são maioria (46,1%) em relação aos familiares (31%).

Quanto à localização dos clientes dessas empresas, 66,6% moram na própria comunidade, enquanto 23,8% são de bairros vizinhos. Os empresários locais avaliam a situação dos seus negócios como estável (71,8%) ou em crescimento (20,3%) – apenas 2,4% os consideraram “decrescendo”.

Outro dado positivo é que o índice de emprego é alto entre os moradores da comunidade. Só 7,7% dos entrevistados se declararam desempregados. Os trabalhadores com carteira assinada são 30,8%, os sem carteira somam 13,8% e os aposentados e pensionistas são 4,3%. Os que se declaram estudantes totalizam 23,5%.

Fonte: Governo do Rio de Janeiro