Início Plantão Rio Ceasa completa 40 anos e produtores comemoram ampliações

Ceasa completa 40 anos e produtores comemoram ampliações

Ainda é madrugada quando as cerca de 40 mil pessoas começam a circular pelos dois milhões de metros quadrados da Ceasa-RJ (Central de Abastecimento do Rio de Janeiro) de Irajá. O espaço – que reúne 800 empresas, gerando 60 mil empregos diretos e indiretos – está completando 40 anos de existência com fôlego renovado. O modelo se expandiu, ganhou mais cinco mercados no interior e se tornou a segunda maior central de abastecimento da América Latina. Apenas a unidade Grande Rio comercializa dois milhões de toneladas de alimentos por ano.

 

Os mercados com pequenos e médios produtores, comerciantes individuais, organizações e cooperativas se tornaram cruciais para escoar a produção dos agricultores familiares do Rio de Janeiro, responsável por 80% da produção de hortifrúti do estado. Presente no polo de Irajá desde a inauguração, Leomir Pereira Ramos, de 76 anos, destaca a importância da Central de Abastecimento para os produtores fluminenses.

 

“A criação da Ceasa foi o melhor acontecimento para os agricultores. Antes trabalhávamos mandando os produtos de forma consignada para os lojistas, que não pagavam depois. A central levantou a agricultura do nosso estado, nos animando a plantar mais porque temos um lugar para vender com mais autonomia”, disse Ramos, atual presidente da Associação dos Produtores Hortifrutigranjeiros do Estado do Rio.

 

Waldir de Lemos, de 73 anos, também viu o Ceasa nascer e construiu uma história de sucesso dentro do entreposto. Plantador de tomate em Vassoura e Santo Antônio de Pádua, o atual presidente da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa (Acregri) possuiu cinco lojas na unidade de Irajá, onde também comercializa frutas e legumes. Contabiliza crescimento de 70% nos negócios nos últimos 40 anos.

 

“Essa região abrigava uma grande lavoura e cheguei a visitar a Ceasa durante as obras. Hoje temos uma cidade. Comecei comercializando legumes e hoje vendo frutas também. Emprego 60 funcionários e tenho oito caminhões para fazer entregas”, afirmou Lemos.

 

Ampliação e melhores condições de trabalho

 

Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Regional, a Ceasa tem investido em melhorias. Na semana passada, o mercado ganhou um pavilhão para Produtos de Sazonais e outro para Feirantes e Freteiros de Feira Livres. Os dois ocupam uma área de mais de 3 mil metros quadrados no chamado Pavilhão da Couve-Flor, produto que era comercializado a céu aberto sobre caminhões.

 

“Não tínhamos ponto fixo e a couve-flor era vendida de forma exposta. Teremos melhores condições de trabalho e o consumidor também receberá um produto melhor. A expectativa é de que as vendas subam 30%”, disse o produtor de Nova Friburgo, Fábio Rodrigues, de 27 anos.

 

O Pavilhão dos Feirantes era outra demanda histórica do segmento que desenvolveu durante anos suas atividades em área aberta atrás do Pavilhão 61. Abastecendo quase 70% das feiras livres da Região Metropolitana, eles ocuparão 1,4 mil m² do novo pavilhão.

 

“A Ceasa é tudo para nós. Temos fregueses para todos os tipos de produtos. Tudo que conquistei, meus sítios, meus carros, foi trabalhando aqui”, afirmou Manoel Ernani Barroso, de 58 anos, 18 deles passados dentro central.

 

Programa contra o desperdício beneficia mais de 30 mil pessoas

 

Vendendo cerca de milhões de toneladas por ano, em uma movimentação financeira de quase R$ 3 bilhões, a unidade de Irajá foi pioneira também na criação do Banco de Alimentos para combater o desperdício alimentar. Inaugurado em 2011, o projeto se expandiu para o interior e já contempla 120 instituições e nove comunidades pacificadas, atendendo mais de 30 mil pessoas no estado. Este ano, a iniciativa chegou aos mercados de São Gonçalo, do Médio Paraíba e do Norte e Noroeste.

 

Como os responsáveis pelo projeto captam os alimentos cedidos por comerciantes diariamente nas centrais de abastecimento, as sacolas de doações trazem sempre variedade. Moradora da comunidade do Mandela, a agente educadora Marlene dos Anjos, de 45 anos, tem cozinhado para os oito filhos, o que antes não era possível por causa dos altos preços.

 

“Recebemos itens caros também. Tudo da melhor qualidade. Existem famílias aqui que mal têm arroz para comer e essa doação garante verduras e legumes no almoço e na janta”, afirmou Marlene.

 

Caixotaria passou por obras de infraestrutura

 

A Caixotaria da Ceasa, área onde os caixotes são montados, recebeu R$ 2 milhões de investimentos em obras de drenagem e pavimentação de toda a área, além da construção de meio-fio, pátio e 11 vias de acesso ao setor. Uma das beneficiadas é Maria da Penha de Andrade.

 

“Muitos fregueses não queriam vir até aqui, porque o caminhão atolava. Hoje está muito melhor e mais seguro. Criei cinco filhas e comprei minha casa trabalhando aqui”, disse Maria da Penha, que se orgulha em frisar que tem uma filha médica.

 

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