Tocado pela morte de Wladimir Herzog, Mario Prata recriou o famigerado ambiente dos porões da ditadura e seus “gorilas”, dando vida a personagens sem rosto da nossa história. Para isso, teve a preocupação de acrescentar um dado fundamental nesta terrível história que nos é contada sem pudor: a satisfação irreverente que rompe a crueza da situação.
“Fábrica de Chocolate” traz a tona um tema absolutamente atualizado, através da criação e atuação da COMISSÃO DA VERDADE. O escritor quis retratar o brasileiro que tortura o semelhante como alguém que tem família, que se confunde na rua com a multidão, que gosta de futebol. O burocrata da morte.
Ambientado nos porões da ditadura, aqueles desvãos de lixo que garantem a permanência das fachadas das sociedades injustas. O texto não economiza detalhes de um horror que às vezes resvala para o humor negro. Ao mesmo tempo em que nos constrange esse humor extemporâneo — é impossível esquecer um só momento que se trata da soma de acontecimentos reais.
“Fábrica de Chocolate” mostra a diabólica rotina dos torturadores. O aparelho policial-militar, encarregado de anular qualquer cidadão suspeito de incompatibilidade ativa com o regime.
O autor construiu a peça a partir de um dado: um homem morreu durante a tortura e o órgão repressor precisa simular um acidente. A ação consiste nos preparativos para provar que o morto, operário de uma fábrica de chocolate, suicidou-se.
O espetáculo registra diversos escalões do aparato repressivo, do carcereiro-torturador, passando pelas chefias intermediárias, aos escalões superiores. É mostrando seres humanos comuns, usando uma linguagem estimulante e verdadeira, que por vezes os aproxima de nós, que esse texto nos desafia agudamente, sem maniqueísmos.
Cuidadoso e eficiente – O teatro não foi feito só para distrair; e aqui cumpre muito bem sua função de evocar e esclarecer comportamentos que são, apesar dos pesares, humanos. Por Bárbara Heliodora – Jornal O Globo Dia 22 de outubro de 2013.
Fábrica de excelentes reflexões – A prova final a servir como argumento de que “Fábrica de Chocolate” é um excelente espetáculo é a forma como, situados no escritório de Herrera, conseguimos imaginar em detalhes a sala de tortura, o torturado, Picuinha, o chefe de Piedade, os gatos e, principalmente, a matéria que sairá no dia seguinte. Vale a pena!!! Por Rodrigo Monteiro – Critica Teatral.
Ficha Técnica:
Direção: Luizapa Furlanetto
Texto: Mario Prata
Cenário: José Dias
Iluminação: Wilson Reiz
Figurino: João de Freitas
Gestores de Projeto: Daniel Villas e Henrique Manoel Pinho
Elenco: Adriana Torres, André Cursino, Daniel Villas, Guilhermo Regenold, Henrique Manoel Pinho e Vitor Garcia
Idealização e Realização de Hermes Frederico: Frederico e Osório Produções Culturais
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
SERVIÇOS
Reestréia dia 16 de janeiro de 2014 – Teatro Glauce Rocha
Av. Rio Branco, 179 – Centro
Telefone: (21) 2220-0259
Temporada de 16 de janeiro até 23 de fevereiro de 2014
De quinta a domingo – às 21h
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Duração: 70 minutos
202 lugares
Gênero: Drama