Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad terminou sua campanha à reeleição com um pronunciamento na televisão no qual acusou seus adversários de dizerem "mentiras" e "insultos" para desacreditar seu governo. Durante o pronunciamento, o presidente iraniano afirmou que gráficos e documentos sobre a situação econômica do país apresentados por seus adversários seriam falsificações feitas com a ajuda de "entidades sionistas", em uma referência a companhias israelenses.
Ele ainda afirmou que os outros três candidatos às eleições da próxima sexta-feira não têm projetos para o país.
– Todas as propagandas eleitorais são contra um candidato. Por que eles só atacam, insultam e acusam? A primeira razão é porque, se isto fosse um debate razoável, onde as atuações dos candidatos fossem avaliadas, eles não teriam nada a oferecer – disse Ahmadinejad.
Ahmadinejad, no entanto, deve enfrentar uma disputa difícil nas urnas contra o candidato reformista Mir Houssein Mousavi.
Os outros dois candidatos são o conservador Mohsen Rezai e o reformista Mehdi Karroubi.
Na última terça-feira, o ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, que concorreu contra Ahmadinejad nas eleições de 2005, enviou uma carta aberta ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, com pesadas críticas ao atual presidente. A carta foi publicada por diversos jornais do país. O ex-presidente criticou declarações feitas por Ahmadinejad em um debate na semana passada, quando ele afirmou que Rafsanjani e outros políticos iranianos seriam "corruptos".
Rafsanjani classificou as declarações como "mentirosas e irresponsáveis" e pediu a Khamenei que interfira no caso.
"Dezenas de milhares de pessoas, dentro e fora do país, testemunharam estas mentiras e falsificações que atingem os motivos de orgulho de nosso sistema islâmico e violam nossa religião, lei, moral e a justiça. Esperamos que vossa eminência tome medidas efetivas para resolver este problema, apague este incêndio e impeça que as chamas aumentem e se espalhem pelas eleições e além", diz a carta de Rafsanjani.
`Novo recomeço`
As eleições presidenciais desta sexta-feira, no entanto, podem marcar um novo recomeço nas difíceis relações entre a República Islâmica e os Estados Unidos, depois de o presidente americano, Barack Obama, já ter oferecido um novo começo a Teerã. Desde que chegou ao poder, em janeiro, Obama buscou cumprir a promessa feita nas eleições de tentar abrir um diálogo com o Irã, um dos países que o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) incluiu no famoso "eixo do mal" e com o qual os EUA não têm relações diplomáticas desde 1979.
Obama chegou a enviar um vídeo gravado por ocasião do ano novo persa em que ofereceu um "novo começo", caso o Irã decida cumprir seus compromissos internacionais. Uma atitude dessas seria impensável durante o governo Bush, que sempre se negou a ter qualquer tipo de diálogo bilateral enquanto o Irã não abrisse mão do apoio ao terrorismo, da ameaça a Israel e de seu programa nuclear.
Obama antecipou, após uma reunião em 18 de maio com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que, até o fim do ano, será possível determinar o caminho que guiará a aproximação. Se não forem alcançados avanços, segundo Obama, os EUA considerariam o endurecimento das sanções atuais, mas é preciso esperar o resultado das eleições no Irã.
Fonte: Reuters