O músico e compositor Caetano Veloso usou sua coluna no jornal O Globo, no último domingo (16/2), para defender o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) e atacar a postura do próprio diário. A atitude gerou polêmica e motivou a publicação a responder às críticas do colunista.
“Gosto de Freixo não porque ele é do Psol. Acho que gosto um tanto do Psol por ele abriga Freixo”, disse. Em seu texto, o compositor fez duras críticas ao jornal pelo conteúdo veiculado durante cobertura da morte do cinegrafista Santiago Andrade, falecido após ser atingido por um rojão durante uma manifestação no centro do Rio de Janeiro (RJ).
“Simplesmente me pergunto qual exatamente será a intenção do O Globo ao estampar manchetes e editoriais induzindo seus leitores a ligarem Marcelo Freixo aos rapazes que lançaram o rojão que matou Santiago Andrade”, acrescentou.
Caetano diz que a matéria publicada no dia em que saiu a chamada de capa com o nome do deputado “era uma não notícia”. No texto, a mãe de Fábio Raposo, jovem que entregou o rojão a Caio Souza, é mencionada dizendo acreditar que o filho “tem algum tipo de ligação com Freixo”.
Segundo ele, a afirmação foi em resposta a uma possível declaração do advogado Jonas Tadeu Nunes que partiu de uma suposta fala da ativista conhecida como Sininho. “O Globo diz que esta nega. Como então virou manchete a revelação da possível ligação entre o deputado e os rapazes envolvidos no trágico episódio? Eu esperaria mais seriedade no trato de assunto tão grave”, escreveu Caetano.
Em editorial publicado na edição desta segunda-feira (17/2), o jornal respondeu as críticas de Caetano Veloso. “Se há algo a que os jornalistas estão acostumados é a contrariedade que a publicação de fatos negativos sobre pessoas, partidos, artistas, políticos, empresários gera naqueles que os admiram, respeitam e os têm acima do bem e do mal. O fenômeno é diário, e recebido pelo jornal como algo natural”, explica.
O Globo reforça que o jornalismo deve buscar a expressão livre de opiniões, inclusive apresentar a visão de colunistas que se opõe a notícias do próprio jornal. A publicação defende a imprensa na divulgação do fato, pontuando que ouviu todos os lados envolvidos.
“O que faz um jornal diante disso? Omite os fatos na presunção de que o deputado Marcelo Freixo é um homem acima do bem e do mal? Mas esses homens, infelizmente, não existem. E, se existissem, nem eles poderiam ganhar da imprensa essa imunidade. O dever da imprensa é jogar luz sobre os fatos, não importando se atingem fulanos ou sicranos”, destacou.
O jornal diz ainda que em momento algum afirmou que Freixo era ligado ao homem do rojão, nem induziu os leitores a acreditarem nessa versão, mas foi leal ao publicar a notícia, dando espaço para que todos se manifestassem a respeito.
“Que essa atitude irrite os que admiram Freixo é absolutamente compreensível. Como dissemos, é um fenômeno cotidiano, e atinge pessoas de todos os matizes, origens, crenças e valores. E não irrita O Globo. Ao contrário, ajuda-o a rever seus procedimentos e verificar se acertou ou errou. Como faz agora”, completa o texto.