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Barra Sustentável discute progresso na região

No evento do Barra Sustentável realizado no dia 25 de agosto no Sheraton Barra, foi discutido em dois painéis como o bairro pode expandir com sustentabilidade. Sintia Gomes, gerente geral do Sheraton, primeiro apresentou a rede Starwood de hotéis que atualmente contrata 200 mil pessoas em todo mundo com nove marcas, entre elas o Sheraton: “ A Starwood tinha que se preocupar com a sustentabilidade ambiental. Uma das estratégias da rede foi construir hotéis ecológicos (marca Element), onde buscamos a certificação LEED” ressaltou a gerente.
 
O biólogo Mario Moscatelli foi o primeiro a ser chamado para apresentar a palestra e logo mostrou o quadro avançado de degradação ambiental da cidade do Rio de Janeiro: “ Só ouço falar em sustentabilidade em eventos. A situação é gravíssima. Diziam que as grandes mudanças iriam acontecer somente em 2100, agora já falam em 2020. As políticas públicas tanto mundiais como locais deixaram muito a desejar. Se a iniciativa privada viabiliza a sustentabilidade, a pública fica no retórico. A nossa responsabilidade é gigantesca, temos que pensar em um mundo melhor para nossos filhos. Temos a cultura enraizada de usar e acabar. O Rio de Janeiro é um exemplo. A Marina da Glória recebe uma descarga contínua de esgoto in natura de galeria de água pluvial. A praia de Botafogo está na mesma situação calamitosa(mar de fezes). No Flamengo, a pasalisação da estação de tratamento de esgoto, formou um valão de esgoto. O Porto do Rio recebe esgoto in natura e a primeira impressão dos turistas é o mar de fezes” denuncia.
 
A ocupação desordenada piorou a situação segundo o biólogo: “o Canal do Cunha recebe 1800 litros de esgoto lançados por segundo. Deixo meus elogios para atual gestão da Cedae, no entanto deixo minhas criticas para os governos passados como do Casal Garotinho que fizeram estações de tratamento faraônicas sem os troncos coletores. O Rio Irajá tem 1200 litros de esgoto por segundo, Rio São João 5.200, Rio Sapucaí 6000 , toda esta quantidade de esgoto vai diretamente para a Bacia de Guanabara” denunciou Moscatelli.
 
Analisando a situação da Baixada de Jacarepaguá, Moscatelli alertou que em 30 anos houve grande devastação ambiental. “ Todos rios locais estão mortos. O oxigênio está praticamente morto. A Lagoa da Tijuca se transformou em um canal de Rio com 6 milhões de lama e lixo e se nada for feito, ela pode desaparecer. O Rio Caçambe está cheio de cianobactérias (que causam câncer de fígado). O Arroio Fundo aumenta mais ainda a produção das cianobactérias, já que o passivo ambiental das antigas administrações foi gigantesco. A estação do Arroio Fundo que era legado do Pan foi abandonada. A praia da Barra tem de um lado cheiro de Metano e de outro fezes. Os manguezais teriam desaparecido se não fosse atitudes de iniciativa privada. A gestão anterior gastou meio bilhão de reais na Cidade da Música que até hoje não disse a que veio. O Rio de Janeiro é um grande valão de esgotos na escala de milhões” ressaltou o biólogo. Segundo Moscatteli, existem soluções como a finalização da estação de Arroio Fundo, a implantação de diversas ecobarreiras, a remoção de resíduos sólidos, instalação de caixa de areia, sistema de tratamento de rios e canais e a dragagem dos rios de lama.
Moscatelli  terminou sua palestra alertando : A sociedade precisa pressionar , pois o paciente (Rio de Janeiro) está na UTI.
 
Primeiro Painel
 
No primeiro painel formado pro Carlos Alberto Muniz (vice-prefeito e Secretário do Meio Ambiente), Aspásia Camargo (PV) e Marcos Sant´Anna foi discutido o assunto sustentabilidade.
 
O Secretário do Meio Ambiente Carlos Alberto Muniz disse que a apresentação de Moscatelli tinham dados verdadeiros e que é necessário dividir responsabilidades entre governantes e cidadãos : “ Não é simples mudar, precisamos transformar o Rio em uma cidade susstentável. Há 21 anos atrás tínhamos o orçamento da ETE Barra e não foi feito por exigências que inviabilizavam. Mas agora vamos completar o esgotamento sanitário na Barra e Recreio, fazer a macro drenagem da Lagoa de Camorim e Tijuca e até o fim do ano a estação de Arroio Fundo estará pronta. Também iremos reativar a estação abandonada do Flamengo. Só conseguiremos avançar, acelerando parcerias entre setor público e privado. A recuperação da Gleba E e F só foi possível graças ao empreendimento imobiliário que recuperou a parte de fauna e flora. Estaremos também implantando o corredor T5, tirando automóveis da rua” adiantou o secretário.
 
Marcos Sant´Anna mostrou o projeto Rede Arredores, mostrando que é possível através da educação acordar a consciência ambiental e que agora a rede de proteção ao maciço da Tijuca começou em 2006.
 
Aspásia Camargo lembrou que é necessário um diagnóstico compartilhado e sofrido para obter a transformação e lembrou que é importante corrigir a ocupação predatória e itinerante e corrigir a cultura da destruição: “ A Barra já foi ocupada de modo devastador e predatória, agora é hora de corrigirmos os erros e não deixar a parte devastadora tomar conta de novo” alerta ela. Segundo Aspásia , é necessário despertar a consciência sustentabilista: “ Temos a Pedra do Urubu, Morro da Panela e outros maciços espetaculares e tudo pode vir abaixo com a ocupação desastrosa. O Campo de Sernambetiba poderia ser a Veneza Carioca, ao invés disto temos a ocupação exagerada. É impossível pensar na Barra sem pensar no povo que aqui vive com até 3 salários mínimos, é necessário construir as casas populares nesses pontos. É hora do Pacto Carioca, temos que salvar o patrimônio da cidade” ressaltou ela.

 

Fonte: Tatiana Couto, editora-chefe do Portal AIB