Auxiliar na formação de cidadãos e servir como instrumento de educação. Esses são apenas alguns dos papéis do livro, um dos mais importantes e antigos meios de comunicação, no desenvolvimento da sociedade. Para comemorar o Dia Nacional do Livro (29/10), a Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro (Bperj), conhecida também como Celso Kelly, está se preparando para iniciar em novembro seu processo de modernização. No programa de melhorias, estão incluídas obras que prometem revolucionar o conceito de bibliotecas no Brasil. Para isso, a Secretaria de Cultura recebe consultoria de especialistas da Biblioteca de Informação da França.
Há 136 anos, a biblioteca estadual faz parte de um dos cenários históricos da cidade: a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Antes de se estabilizar em seu endereço atual, em 1943, a biblioteca funcionou no anexo do Arquivo da Câmara Municipal, no Campo de Santana e na Rua General Câmara. O prédio que abriga a unidade, inaugurado em 1987 depois de um incêndio que destruiu parte de seu acervo bibliotecário, passará por reformulações. O antigo projeto do arquiteto Glauco Campelo será readaptado, através da implantação de iluminação mais adequada e da instalação de um quiosque de atendimento com a programação da biblioteca no Campo de Santana.
As reformas, que serão concluídas em 15 meses, incluem obras de paisagismo e restauração das redes elétrica e hidráulica. Está prevista ainda a construção de um edifício anexo, com auditório, restaurante e anfiteatro. O acervo de cerca de 100 mil volumes está sendo catalogado e higienizado. Os espaços internos da biblioteca serão adequados ao conceito de multiuso. As mudanças servirão de modelo para outros equipamentos do Estado e do país. Serão utilizadas técnicas de amostragem de livros e criados ambientes confortáveis para estimular nos visitantes o hábito da leitura.
– As bibliotecas não serão mais espaços silenciosos. Serão lugares que se aproximarão um pouco do conceito de centros culturais. A Biblioteca Pública do Estado, por exemplo, terá dois estudos de música, onde músicos terão a experiência de gravar CDs, ensaiar e aprender a manipular programas de edição. Haverá um teatro para exibições de filmes e apresentações de espetáculos; um auditório para seminários e palestras; e uma sala de exposição para a realização de mostras. A ideia é que o livro seja o objeto principal de todo o tipo de produção artística ou reflexiva – explicou a superintendente de Bibliotecas, Vera Samboya.
O governo estadual está trabalhando em uma nova política para reformular todos os equipamentos de pesquisa. O objetivo é integrar as bibliotecas em uma rede de informação e conhecimento. A Biblioteca Celso Kelly, um dos mais renomados centros culturais do Rio, dará assistência aos acervos de outras unidades. A pasta já começou a digitalizar algumas obras raras da Bperj. O projeto tem quatro etapas: levantamento das condições das bibliotecas fluminenses; reforma das bibliotecas do Centro e de Niterói e a construção de três novos núcleos de leitura em Manguinhos, no Complexo do Alemão e na Rocinha; catalogação de publicações; e suporte aos municípios para a modernização de suas unidades.
– Todo esse investimento está ligado ao Plano Nacional de Livro e Leitura, com a parceria dos governos federal, estadual e municipal. Já iniciamos as obras na Biblioteca Estadual de Niterói e entregaremos, até o final do ano, a Biblioteca Parque de Manguinhos, a primeira do país que ajudará na socialização e melhoria da qualidade de vida da comunidade. A Bperj será a matriz de todas as unidades de leitura do Estado, incluindo as bibliotecas dos 92 municípios – afirmou Samboya.
Dia do Livro e da Biblioteca Nacional
O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional. O centro cultural foi implantado com a transferência da Real Biblioteca Portuguesa para o Brasil. A Biblioteca Nacional, criada há 199 anos, é considerada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) uma das dez maiores bibliotecas do mundo e a maior da América Latina. O acervo do espaço é composto por aproximadamente nove milhões de itens. O primeiro livro brasileiro publicado foi Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
Publicação, obra, volume, dicionário, enciclopédia etc. O livro pode ter muitas definições, mas seu objetivo é único desde a antiguidade, quando os primeiros suportes para a escrita eram tabuletas de pedra ou argila: transmitir conhecimentos. Os livros, impressos ou virtuais, têm servido como porta de entrada para um mundo à parte, um universo de palavras e imagens. Mesmo com a migração da boa parte da sociedade para o mundo virtual, sempre haverá um espaço na estante para o bom e velho livro.
– A meta do governo é inserir sempre novas mudanças em sua principal biblioteca. Hoje, os suportes tecnológicos estão sempre expandindo as possibilidades de leitura. Entendemos que ver uma exposição pode ser compreendido como ler uma exposição. Isso acontece em todas as artes. A leitura é uma das experiências da vida que formam o tipo de reflexão que temos a respeito de todos os tipos de matérias importantes para o nosso convívio. Para mim, o Dia do Livro é a data mais importante da cultura. Como diz Monteiro Lobato, um país é feito de homens e livros – resumiu a superintendente Vera Samboya.
Fonte: Modernização da Biblioteca
