Obras do Arco Metropolitano avançam sem agridir a natureza
A raríssima rã Physalaemus soaresi que surgiu no meio do caminho do Arco Metropolitano não é mais empecilho para o avanço da obra que vai trazer progresso a uma das regiões mais carentes do Estado do Rio, a Baixada Fluminense. A Secretaria de Obras, responsável pelo projeto, vai construir um viaduto para preservar o habitat do raríssimo e pequenino anfíbio que atrasou a obra em mais de um ano e a encareceu em R$ 18 milhões. Mas, preservar o meio ambiente é prioridade absoluta para o Governo do Estado.
Durante o fórum que discutiu as potencialidades econômicas que serão geradas a partir do Arco, na Firjan, na segunda-feira, o governador Sérgio Cabral ressaltou que essa preocupação tem a ver com o caráter democrático do país.
–Como dizia o grande estadista inglês Winston Churchill, a democracia dá trabalho pra burro, mas não inventaram sistema melhor. Por isso, quando surge uma perereca no meio do caminho, então vai-se estudar que perereca é esta, qual a espécie, como fazer para garantir a procriação etc. O mesmo em relação aos sítios arqueológicos e com as desapropriações. Dá trabalho, atrasa a obra, mas isso faz parte do jogo democrático – enfatizou o governador.
Por isso, a Secretaria de Obras contratou biólogos e engenheiros que estão cuidando da fauna e flora afetados pelo projeto. E muita coisa já foi salva por esta brigada de protetores da natureza. Além da preservação do habitat da perereca e do também raríssimo peixe das nuvens que vive no mesmo lugar, foram removidas e replantadas ou encaminhadas para outros lugares exemplares de plantas, como o cactus (Pereskia grandifolia Haw.), ameaçado de extinção e resgatado em Itaguaí, e animais, domésticos ou selvagens, ameaçados pelas máquinas e trabalhadores que implantam nessa região ainda quase virgem um rasgo de esperança de progresso que é o Arco Metropolitano.
Coordenados por Ronaldo Trapaga, os gestores ambientais estão o tempo todo ao lado dos trabalhadores das construtoras, para fazer as vistorias técnicas nos canteiros e frentes de obra, observando as condições de segurança, higiene, boas práticas e outros aspectos ambientais.
– Em qualquer obra hoje é imperativo que os empreendedores, além dos compromissos com ela em si, cuidem das questões ambientais correspondentes. Até por legislação, o projeto tem de ter um programa para que normas e licenças ambientais sejam acompanhadas e tenham a garantia de seu cumprimento – afirmou Trapaga.
Biólogos e engenheiros florestais supervisionam ou executam ações ambientais
O Programa de Gestão Ambiental e Social do Arco Metropolitano supervisiona ou executa todas as ações necessárias à garantia da qualidade do meio ambiente da área onde se realizam as obras da rodovia. As atividades de supervisão ambiental são executadas por biólogos e engenheiros florestais.
– Esta gestão ambiental mantém o Sistema de Informações Ambientais/Sistema de Informações Gerenciais, um conjunto de tecnologias que disponibilizam os meios necessários para o processamento de dados, através da coleta, armazenamento, recuperação e processamento de informações utilizadas no desempenho das atividades – especificou Trapaga.
Os programas executados pelas construtoras e supervisionados pelos gestores ambientais são: recuperação de áreas degradadas, supressão de vegetação, saúde da população vinculada à obra, treinamento ambiental dos trabalhadores, segurança do tráfego em vias locais, gerenciamento de resíduos sólidos.
Os programas que fazem parte do monitoramento dos supervisores ambientais são: monitoramento da fauna, da qualidade das águas (parâmetros básicos e especiais), de áreas sensíveis e da supressão de vegetação e plano de destinação de material suprimido. Os programas que são diretamente executados por esses supervisores são: resgate de fauna, inclusive nas frentes de obras, qualidade do ar, educação ambiental e comunicação e responsabilidade social. Eles também apóiam outras atividades exercidas por terceiros, como gerenciamento de riscos e ações emergenciais, ordenamento físico-territorial, prospecção e salvamento ecológico, desapropriações e compensação ambiental.
As obras do Arco Metropolitano nunca deixaram de caminhar, mas agora o avanço vai ser mais acelerado para, segundo o vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, o Governo do Estado inaugurar a rodovia em dezembro de 2012, mesmo que outras pedras, talvez não mais pererecas, possam ser encontradas no traçado. Afinal, o mais difícil já foi superado, dentro do mais puro respeito democrático: além da preservação da perereca, foram desapropriados mais de 3,6 mil imóveis e propriedades, descobertos e salvos quase 40 importantes sítios arqueológicos e preservadas espécies de fauna e flora em extinção.
Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro