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Brasil reduz incidência da tuberculose

O Brasil melhora sua posição na lista das 22 nações que concentram 80% dos casos da doença no mundo, passando da 18ª para 19ª. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e foram divulgados hoje (24) pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e pelo coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), Dráurio Barreira, por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose. Em 2008, ocorreram 70.989 casos novos, contra 72.140, em 2007, consequentemente reduzindo a taxa de incidência de 38,1 para 37,4 por 100 mil habitantes. Houve queda também nos números da mortalidade. Em 2008, foram 4.735 óbitos por tuberculose, enquanto que em 2007 ocorreram 4.823.

O balanço positivo pode ser atribuído ao Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) do Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios. Desde 2003, o enfrentamento da doença foi elencado como prioridade pelo governo federal. Outro destaque é o fortalecimento da descentralização das ações de atenção ao paciente, com atendimento e acompanhamento na atenção básica, que fez mais municípios assumirem seu papel no controle da doença. “A doença é um problema nacional. Todos aliaram esforços para o efetivo enfrentamento, e os resultados começam a aparecer”, comemora Dráurio Barreira.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lembra que os investimentos nas ações de prevenção e controle da tuberculose aumentaram 14 vezes, de 2002 a 2009. No ano passado, o orçamento total foi de US$ 74 milhões, contra US$ 5,2 milhões em 2002.

De acordo com o ministro, outro fator que favorece o controle da tuberculose no país é a incorporação de novas drogas. No final de 2009, um novo esquema terapêutico passou a ser utilizado no país. O esquema anterior era composto de três drogas e o paciente era obrigado a tomar até nove comprimidos diariamente. “Colocar quatro drogas em um único comprimido facilita muito a vida do paciente e amplia a adesão ao tratamento, que dura seis meses. Essa foi uma medida extremamente importante”, destacou Temporão. 

Já em uso em seis estados (SP, PR, SC, BA, SE e RO) e nos municípios da Região Metropolitana de Manaus (AM), a grande vantagem do novo medicamento é que ele diminui a quantidade decápsulas e comprimidos ingeridos diariamente, reduzindo o abandono, aumentando os índices de cura e reduzindo as chances do aparecimento de cepas do bacilo resistentes às drogas. “A gente espera que o nosso maior desafio, o abandono, até pela quantidade de cápsulas e o difícil manuseio, seja reduzido. Assim, atingiremos a meta, que é ter menos de 5% de abandono do tratamento”, destacou o coordenador Dráurio Barreira. Com o esquema anteriormente utilizado, 8% das pessoas paravam de tomar a medicação.

A expansão da cobertura da estratégia do Tratamento Diretamente Observado (TDO), que consiste no acompanhamento do paciente durante os seis meses de tratamento, e recomendada pela OMS, é outro fator importante para redução da incidência. Hoje, 43% dos casos novos são acompanhados; em 2002 eram apenas 3,3%.  Dados do PNCT mostram que 86% dos municípios prioritários, que concentram 70% dos casos de tuberculose, adotam o TDO como estratégia para aumentar o percentual de cura da doença.

SITUAÇÃO NACIONAL –Em 2002, a taxa de incidência era de 44,4 casos novos por 100 mil habitantes; em 2008 caiu para 37,4 – o que representou redução de 15,6% no período. Quanto aos números absolutos, foram 77.493 casos novos em 2002, reduzidos a 70.989 em 2008. Embora ainda sejam preliminares, os dados de 2009 confirmam tendência de declínio. Já a redução na mortalidade neste período foi de 16,7%, passando de 3 por 100 mil habitantes para 2,5. A faixa etária mais acometida é a que vai dos 20 aos 49 anos. Quanto ao tempo de estudo, 73% dos casos novos têm até 8 anos de escolaridade.  

De acordo com os dados de 2008, as maiores incidências estão nos estados do Rio de Janeiro (68,64 por 100 mil habitantes), Amazonas (67,88), Pernambuco (47,61), Pará (43,72), Ceará (43,2) e Rio Grande do Sul (42,53). As menores taxas de incidência do país foram registradas no Distrito Federal (13,73), Tocantins (13,67) e Goiás (13,91).

“Essa doença tem um complicador a mais: acomete mais os homens. Nós sabemos que os homens têm menor adesão aos serviços de saúde, acham que são “super-homens”, começam a sentir os sintomas e não procuram ajuda”, afirmou o ministro da Saúde. A incidência entre os homens (cerca de 50 por 100 mil habitantes) é o dobro das mulheres.

Já nas populações mais vulneráveis, como indígenas, a incidência é quatro vezes maior do que a taxa nacional; nos portadores de HIV é 30 vezes maior; nos privados de liberdade é 25 vezes maior. No entanto, há ocorrências em todos os segmentos da sociedade, independentemente da renda ou da escolaridade. Desde 2002, o percentual de cura apresenta aumento gradativo. Naquele ano esse percentual era de 69%. Atualmente é de 73% dos 70.989 casos novos tratados. A meta do PNCT é atingir 85%, como recomendado pela OMS.

Outra constatação do Ministério da Saúde é que, entre 2002 e 2008, houve  aumento do percentual de pacientes com TB que fizeram testes de detecção do HIV. No início da década, apenas 26,7% fizeram o teste, e em 2008, o percentual subiu para 48%. Como a tuberculose é a principal causa de morte de pessoas com o HIV, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores as chances de sobrevida. Atualmente, o percentual de co-infecção é de 8,8%.

ESTIGMA – Dados preliminares de uma pesquisa de opinião para avaliar o conhecimento da população sobre a tuberculose, em fase de análise pelo Fundo Global, indicam que a falta de informação é ainda uma das principais desafios enfrentados para o controle da doença. Isso pode levar ao estigma e preconceito de familiares, amigos, vizinhos e colegas, fazendo com que se afastem do paciente, dificultando ainda mais sua recuperação e cura. Sabe-se que o paciente deixa de transmitir a doença após 15 dias de tratamento, não sendo necessário o isolamento. Não interromper o tratamento, evitar aglomerações e manter-se em ambientes arejados são algumas das principais recomendações para preve nir a transmissão da doença.

A pesquisa será divulgada durante o IV Encontro Nacional de Tuberculose, de 26 a 29 de maio, no Rio de Janeiro. O encontro é organizado pelo PNCT, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Parceria da Tuberculose – Stop TB/Brasil e Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose – Rede TB. Importante problema de saúde pública, a tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) que afeta vários órgãos do corpo, mas principalmente os pulmões. É transmitida pelo ar, quando o paciente tosse ou espirra. Os principais sintomas são tosse prolongada (por mais de três semanas)com ou sem catarro, cansaço, emagrecimento, febre e suor noturnos. Em 1993, a OMS declarou a tuberculose como uma emergência global.

CAMPANHA – Com o mote “Saúde, é bom Saber”, começou a ser veiculada hoje (24) e, segue até o dia 31, a campanha publicitária com foco na identificação dos sintomas e cura da tuberculose. A campanha inclui a exibição de vídeos na TV, spots de rádio e a distribuição de 1 milhão de folderes e 300 mil cartazes.

MANUAL – Durante o evento, Barreira disse que ainda essa semana estará disponível na internet e também será publicado o novo manual/protocolo de atendimento da doença para os profissionais de saúde. Entre as principais mudanças estão a incorporação do novo esquema terapêutico e o aconselhamento para testagem dupla de HIV/Tuberculose.

 

Fonte: Min Saúde