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Cancer de fígado ganha nova droga

 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o uso no Brasil do medicamento Nexavar@ (tosilato de sorafenibe – da Bayer Schering Pharma) no tratamento do câncer de fígado.

O novo medicamento pode prolongar em até quatro meses a sobrevida de portadores desse tipo de câncer – o que em muitos casos pode significar o tempo necessário para o aparecimento de um órgão compatível ao paciente para a realização do transplante que lhe poderia salvar a vida.

A decisão da Anvisa de aprovar a nova medicação se baseou no fato de o tosilato de sorafenibe ter sido testado com resultados satisfatórios, a partir de um estudo clínico mundial com mais de 600 pacientes com câncer de fígado avançado e chegou a revelar um aumento de 44% na sobrevida desses pacientes.

Quinto tipo de câncer mais frequente no mundo e o terceiro em letalidade, o câncer de fígado é o que apresenta a complicação mais grave da cirrose hepática. Até hoje, não havia opção de tratamento para os casos mais graves, que não a quimioterapia com suas muitas implicações e efeitos colaterais.

O medicamento é de uso oral e age diretamente nas células doentes, preservando as sadias. A substância também já foi aprovada em mais de 60 países para o tratamento de tumores renais. “Após mais de 30 anos e centenas de estudos clínicos com outras drogas, o tosilato de sorafenibe é o primeiro tratamento a demonstrar resultados efetivos contra o câncer de fígado, que chega a causar mais de 500 mil mortes por ano”, esclarece o laboratório.

No Brasil, estima-se que sejam feitos entre 2 e 3 mil diagnósticos da doença por ano. Segundo especialistas, até hoje existiam poucas e ineficazes opções de tratamento sistêmico para este tipo de câncer, pois nenhuma droga apresentava benefícios comprovados para o seu controle.

“Isso acontece porque cerca de 95% dos pacientes com câncer de fígado tem cirrose hepática concomitantemente e a quimioterapia convencional se tornava muito agressiva”, afirma a gastroenterologista Luciana Kikuchi, médica assistente e coordenadora do Ambulatório de Oncologia Hepática do Serviço de Gastroenterologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

A especialista explica que quando o paciente descobre a doença por causa de sintomas relacionados ao tumor, como dor e emagrecimento, geralmente o câncer de fígado já está em um estagio avançado.

“Por isso recomendamos a todos os pacientes com cirrose hepática que realizem ultrassonografia de abdome pelo menos uma vez ao ano, pois desta forma o diagnóstico pode ser feito em uma fase precoce, quando há opções de tratamento curativo”, completa.

Estudos com o tosilato de sorafenibe trazem nova esperança para pacientes e médicos. “É a primeira terapia que efetivamente demonstrou prolongar a sobrevida dos pacientes com carcinoma hepatocelular”, afirma o hepatologista Fábio Marinho, médico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e do Hospital da Beneficência Portuguesa de Pernambuco.

 

Fonte: Agência Brasil