Em protesto, a publicitária Rosiane Pacheco e a psicóloga Cyntia Beltrão criaram uma capa com a foto da ex-modelo sobre a chamada “eu queria ter visto meu filho crescer”. Publicada no Facebook e replicada por blogs feministas, a imagem já teve mais de 1000 compartilhamentos.

Maurício Barros, diretor de redação da Placar, defende a publicação. Segundo ele, a revista está segura de que fez um jornalismo de qualidade e de que o ex-goleiro é um personagem relevante. “Ele é famoso na história do futebol, tinha um fato novo ligado ao esporte [ele assinou contrato com um time e tenta voltar aos gramados enquanto cumpre a pena] e o mérito da entrevista na cadeia ser a primeira para uma publicação do meio impresso [desde que está preso, ele só conversou com a TV Record, em 2013]. Isso é jornalismo”, afirmou.
Questionada, a psicóloga, uma das autoras da imagem, afirma que as duas leram a reportagem antes de fazer o protesto e defende que a matéria transforma Bruno em vítima. “É diferente colocar na capa ‘o ex-goleiro Bruno quer voltar a jogar’ e “me deixem jogar”. Parece que estão impedindo ele de jogar, que ele é vítima, quando ele não está jogando porque cometeu um crime”, critica. “A revista dá destaque porque ele clama um direito [trabalhar] que ele negou a Eliza, de viver, criar o filho, e à mãe dela, que não pôde enterrar a própria filha”, completa Rosiane.
Apesar de achar válido e necessário que a revista de futebol faça uma entrevista como essa, Cyntia acredita que o grande erro foi não contextualizá-la. Para ela, a publicação “fugiu de sua responsabilidade social ao não dar voz ao outro lado” que, sugere, poderia ter sido o histórico do crime, a família de Eliza e a acusação contra o ex-goleiro.
“Sabendo que os leitores são homens, que a gente vive numa sociedade machista, a entrevista ficou solta. Espero que tenha sido um lapso”, diz Cyntia.
Ele, que soube do protesto pelo Twitter, após publicação de duas mulheres, retuitou o post com a imagem e respondeu defendendo a matéria. “Muitas reações são rasas do ponto de vista de compreensão, pois às vezes a pessoa não lê tudo e julga pela capa. A Placar em nenhum momento defende o Bruno. E isso está absolutamente claro na reportagem”, reitera.
A montagem foi criada no mesmo dia em que a matéria foi divulgada. Rosiane viu uma imagem pequena feita por Cyntia e resolveu transformar “numa capa de verdade”. Surpresas com a repercussão da imagem, elas acreditam que a capa deu voz à vítima e levantou o debate.