O cinema brasileiro perdeu uma de suas figuras mais importantes. Morreu na madrugada deste sábado (07/11) o ator e diretor Anselmo Duarte, único brasileiro a receber a Palma de Ouro, o prêmio de melhor filme no Festival de Cannes, na França.
Segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo, onde ele estava internado, o cineasta, de 89 anos, faleceu à 1h30. Ele estava internado desde o último dia 27, depois de sofrer um acidente vascular cerebral.
Em 1962, Duarte dirigiu o filme O Pagador de Promessas, baseado no texto do dramaturgo Dias Gomes. Protagonizada por Leonardo Villar e Glória Menezes, a obra chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro e, até hoje, é a única a ter recebido a Palma de Ouro.
O filme conta a história de um agricultor que enfrenta a intolerância da Igreja ao tentar cumprir uma promessa feita a uma mãe de santo e carregar uma cruz do interior da Bahia até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador.
Além de O Pagador de Promessas, Duarte disputou o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 1964, na Alemanha, com o filme Vereda de Salvação. Ele começou a carreira em 1947 e trabalhou em mais de 40 longa-metragens brasileiros, como ator, diretor e roteirista. A última aparição no cinema foi em Brasa Adormecida, de 1987, como ator.
Por meio de nota oficial, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, lamentou a morte do cineasta. Na avaliação dele, o país perdeu uma das principais figuras que ajudaram a consolidar um cinema “clássico e popular” brasileiro.
No texto, o ministro destacou que a conquista da Palma de Ouro ajudou não apenas a promover a cultura brasileira no exterior como trouxe reconhecimento internacional à obra de Dias Gomes. Segundo o comunicado, por meio de sua trajetória, Duarte deixou um sentimento de “carinho e gratidão” na população brasileira.
Leia a íntegra da nota assinada pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira:
“O Brasil lamenta a perda do paulista Anselmo Duarte um dos maiores cineastas e atores do cinema brasileiro. Galã para uma geração de espectadores que experimentaram o cinema antes da TV, Anselmo deixa na memória afetiva do país um enorme sentimento de carinho e gratidão: são dezenas de personagens a quem emprestou seu corpo e seu talento, em especial nos clássicos da Vera Cruz, mas também em filmes autorais como O Caso dos Irmãos Naves.
Como cineasta, Duarte foi um maestro da narrativa: ajudou a constituir um cinema clássico e popular brasileiro, desafio que é até hoje um horizonte não inteiramente alcançado pela produção nacional. Conquistou nossa única palma de ouro em Cannes, promovendo a cultura brasileira pelo mundo e tornando célebre internacionalmente a obra de Dias Gomes. Anselmo vinha de família humilde e fez uma trajetória singular no cinema: ascendeu como empreendedor. Seus inúmeros prêmios são o merecido retorno da eficácia em alcançar um público amplo em seu cinema.”
Fonte: Agência Brasil