Saraus de poesia, batalha dos passinhos (concurso de dança), quadrinhos feitos de forma colaborativa, raps, grafites em escadas. Essas são apenas algumas das atividades da 1ª Festa Literária das Unidades de Polícia Pacificadora (FLUPP), no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. O evento, que acontece até hoje (11/11), busca ampliar o conceito de literatura.
A estrutura central da Flupp é formada por três espaços, que levam nomes de obras de Lima Barreto, escritor homenageado no evento. Já na Tenda Policarpo Quaresma acontecem os debates com escritores, brasileiros e estrangeiros. Um dos idealizadores e organizador do evento, Écio Salles, aponta a importância do evento.
– Achávamos que era possível produzir um fenômeno como esse em uma comunidade pacificada. Estamos tentando reinventar a cidade e, para isso, não existe nada melhor do que fazer um evento como esse em uma favela central, com uma vista de 360º graus para o Rio de Janeiro. Esse é um dos atrativos da nossa festa – afirmou Écio.
Um dos destaques da feira, segundo Écio, foi a seleção de 90 pessoas de bairros periféricos da cidade que já escreviam, mas nunca tinham tido a oportunidade de publicar seus trabalhos. Os 43 melhores contos foram reunidos no livro “Flupp Pensa 43 Novos Autores”, que será distribuído em escolas, centros culturais e bibliotecas.
Entre as selecionadas está a moradora da comunidade da Mangueira, Leilane d’Brito, autora do conto “TV Cela”, que foi conferir a palestra dos poetas Bernardo Vilhena e Carlito Azevedo, com mediação de Heloísa Buarque de Hollanda.
– Essa oportunidade está sendo importante. Nós, escritores, não temos a oportunidade de publicar um trabalho. A festa literária faz um alerta para que todos saibam o que é literatura de fato. Isso deveria servir de exemplo para todas as outras comunidades – disse Leilane.
Para o morador Charles Siqueira, o evento não pode ser resumido em poucas palavras.
– Vamos ter noção do alcance desse projeto ao longo do tempo, com a mudança no comportamento dos jovens que estão hoje presentes aqui. O que posso constatar de fato é que eles estão gostando e participando ativamente – afirmou Charles.
Já quem quer participar da batalha dos passinhos (concurso de dança), precisa estar atento as palestras que acontecem todos os dias. A organização do evento determinou que, além de dançar bem, os participantes devem responder a perguntas sobre os temas das palestras. Um grupo de jovens entre 13 e 25 anos está assistindo a todas as atividades.
– Talvez, se não fosse obrigatório para o concurso, eu não estaria aqui assistindo as palestras todos os dias. Esse é um incentivo bem legal, e a gente acaba ficando aqui, prestando atenção, e levando muita coisa para o futuro – disse o dançarino Gabriel Gonçalves.
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