Com base nos dados coletados por 60 jovens que moram nos complexos do Alemão e de Manguinhos e na Rocinha, contratados pelo governo do estado, a Coordenadoria dos Projetos Sociais do PAC, comandada por Ruth Jurberg, desenvolve ações que poderão proporcionar a essas famílias meios de potencializar os benefícios que as obras físicas vão trazer para as comunidades. Os jovens ganharam um salário mínimo mensal para levantar atividades e aptidões de moradores dessas comunidades que recebem obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
– Não dá para fazer uma obra dessa envergadura, em torno de R$ 1 bilhão de investimento, entregá-la simplesmente e deixar que as famílias dessas comunidades fiquem ao "Deus dará". Então, elas estão sendo capacitadas para geração de renda e sustentabilidade do processo como um todo. Elas vão aprender a cuidar não apenas dos equipamentos que estão sendo entregues, mas serão incentivadas a montar cooperativas e associações para produzir bens e prestar serviços – definiu Ruth.
Os jovens pesquisadores, 20 em cada complexo, ficaram dois meses fazendo a coleta de dados. O material está sendo sistematizado pela coordenadoria de forma que pessoas ou grupos de moradores desenvolvam economicamente as aptidões detectadas.
– Descobriu-se, por exemplo, muita gente com talento culinário. Por que, então, essas pessoas não poderiam se organizar e passar a fornecer quentinhas, até mesmo para os operários das obras, ou implementar um sistema de entrega a domicílio de alimentos produzidos com qualidade? – sugere a coordenadora.
Outra descoberta foi a grande quantidade de lan-houses no Complexo do Alemão. Espalhadas pelo conjunto de favelas da Zona Norte há 300 dessas unidades, a maioria subutilizada.
– O que fazer com isso? Não é ficar só no SMS. Por isso, estamos montando cursos de formação de webdesigners, por exemplo, permitindo a esses jovens trabalharem a informática com maior rendimento. Mas, os cursos não serão aplicados apenas no Alemão, mas também em Manguinhos e Rocinha. Eles deverão ser ministrados por organizações não-governamentais das próprias comunidades, que, no momento, estamos identificando. Algumas já estão até começando a trabalhar. Outras que se mostrarem capazes serão contratadas. Ou então, vamos fazer parceria com o Senac, Sebrae ou algum especialista – detalhou Ruth.
A coordenadoria também vai treinar jovens que estavam às margens da marginalidade e que passaram por um processo de reabilitação e capacitação de um ano no projeto do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, para trabalharem no teleférico que está sendo construído no Alemão. Serão selecionados 60 jovens que serão contratados pela Supervia, operadora do teleférico.
– Vamos capacitar esses jovens não para operar o teleférico, mas para auxiliar as pessoas, limpar e cuidar do teleférico, além de, durante as viagens, contar histórias da comunidade, das obras e de outros assuntos para os passageiros, como ocorre na Colômbia. A Supervia, que vai operar o teleférico e com quem já firmamos esta parceria, enviou representantes a Medellin para se inteirar dessa experiência operacional dos colombianos e com isso definirmos os critérios de seleção dos candidatos e o tipo de treinamento a ser ministrado – explicou a coordenadora.
Fonte: Governo do Rio