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Consumo no Brasil deve crescer em 2010

O setor de bens de consumo no Brasil deve ter uma expansão de pelo menos 4% em 2010, quase o dobro da registrada em 2009 (2,2% sobre o ano anterior). A projeção é da Nielsen.

"O crescimento do consumo está relacionado a investimentos. Como o Brasil está nos holofotes mundiais, receberá recursos para o setor produtivo, para áreas de infraestrutura – energia, estradas e comunicações – e também por conta dos eventos esportivos da Copa e das Olimpíadas . Tudo isso gera um ambiente de confiança" , afirmou Eduardo Ragasol, presidente da Nielsen Brasil, que participou nesta terça-feira (23/02) do "Café setorial – Bens de Consumo – Para onde irá o R$ do brasileiro em 2010?" na Amcham-São Paulo.

Ragasol explica que o Brasil saiu rapidamente da crise e conta com um cenário macroeconômico favorável que motiva os consumidores e desperta o interesse dos investidores estrangeiros. Entre outros aspectos positivos, o presidente da Nielsen citou inflação sob controle; maior oferta de crédito, que atingiu 44,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no final de 2009 contra 44,2% no final de 2008; queda na taxa de desemprego ao nível recorde de 6,8% em dezembro último; e aumento da renda média do brasileiro para R$ 1.344,40 no final de 2009 (contra R$ 1.326,82 em dezembro de 2008). O executivo comentou ainda que a capacidade instalada da indústria geral já atinge 84,2 %, um retorno ao patamar pré-turbulência.

O único risco pontuado pelo presidente da Nielsen está ligado à pressão inflacionária. "O risco de aumento da inflação existe, mas é baixo porque o governo já demonstrou que faz um bom trabalho. O Banco Central e o Ministério da Fazenda estão de olho nesta questão."

Destaques

Ao longo de 2009, a Nielsen fez um levantamento envolvendo 159 categorias de produtos. O setor de alimentos apresentou recuperação em relação a 2008, com destaque para mercearia doce (aumento de 1, 2% em 2009 frente a queda de 1,1% em 2008) e salgada (0,9% contra -0,7%)) e perecíveis (6,5%, versus -0,1%). Na área de higiene e limpeza, o ano passado também foi de retomada (2,5% contra -0,6%). As bebidas não-alcoólicas também viveram um bom momento: cresceram 2,8%, acompanhadas pelas alcoólicas (2,9%), com destaque para cervejas.

Os eletroeletrônicos tiveram ascensão motivada sobretudo pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca. O volume de vendas do setor aumentou 21% sobre 2008 e, em termos de valor, apresentou incremento de 26%. "Notamos uma procura maior por produtos de maior valor agregado na linha branca. Os pequenos aparelhos domésticos, como liquidificadores e ferros de passar, pegaram carona (no movimento) e cresceram também", disse Ragasol. No caso da linha marrom, houve desaceleração em 2009 no volume de vendas (-6%), mas com compensação no valor dos produtos comercializados justamente pelo fato de o consumidor buscar soluções mais sofisticadas, caso de TVs de plasma, LCD e LED.

No ano passado, conforme a Nielsen, ocorreu retração de 5% no mercado de celulares, com melhora a partir do segundo semestre. O resultado final negativo é explicado pelo câmbio. Os segmentos que se saíram melhor dentre os celulares foram os relacionados às novas tecnologias, como aparelhos com touchscreen ou com TV integrada e smartphones.

Tendências

A pesquisa da Nielsen aponta quais serão os aspectos condutores do mercado de consumo ao longo de 2010:

• Os consumidores emergentes estarão cada vez mais exigentes;

• Produtos que envolvem conceitos vinculados a saúde, conveniência e praticidade (vida urbana e tempo escasso), economia e indulgência (compras como recompensa) terão oportunidades;

• Há condições de expansão de negócios nas regiões Norte e Nordeste, com a melhora do poder aquisitivo da população e o maior acesso a crédito;

• Existirá mais espaço para atuação de pequenos e médios pontos de venda como autosserviços, comércio de bairros e farmácias. Os hipermercados terão de pensar em ações para se desenvolver frente à concorrência dos atacadistas.

Discussão segmentada

O evento da Amcham contou com um painel de debates com representantes da área de bens de consumo. Os executivos foram unânimes ao afirmar que o País deve investir mais em infraestrutura e capacitação da mão-de-obra para obter um crescimento sustentável. As reformas fiscais e trabalhistas também foram mencionadas como necessárias por alguns dos participantes.
Veja os principais destaques da discussão:

"Notamos uma sofisticação maior do mercado. O consumidor brasileiro tinha acesso a poucos produtos, muitas vezes defasados e, além de tudo, pagava caro por eles. Essa realidade mudou, o Brasil é a bola da vez e está nos radares dos gestores das empresas. Hoje, muitos dos lançamentos no País ocorrem simultaneamente aos de Europa, Ásia e Estados Unidos, com condições de pagamento razoáveis", disse Carlos Werner, diretor de Marketing da Samsung.

"O varejo tem apresentado performance acima da (média da) economia e as companhias estão sabendo aproveitar a onda positiva. É um período de consolidação e foco na gestão de negócios como logística e distribuição, e de experiência nos pontos de venda. Identificamos um movimento das indústrias criando seus próprios canais de distribuição. O varejo, por sua vez, vem desenvolvendo e trabalhando melhor as marcas próprias no País", destacou Eduardo Macedo, da Divisão de Desenvolvimento e treinamento da GS&MD.

"O consumidor brasileiro está muito mais exigente. Assistência técnica e qualidade dos produtos não são mais diferenciais. Há necessidade de maior capacitação da mão-de-obra e aprimoramento da cadeia do setor de cosméticos do País, hoje o terceiro maior do mundo", ressaltou Paulo Maffei, CEO da Nazca.

"O ano de 2009 foi excelente para os shoppings no Brasil. Vivemos um momento favorável, porém com competitividade acirrada. O setor está mais eficiente na gestão e na operação, e é importante no País porque agrega desenvolvimento imobiliário no entorno dos empreendimentos", avaliou Ricardo Flora, diretor comercial do Grupo Jereissati.

"Nosso setor será beneficiado com a retomada da expansão imobiliária e há potencial de penetração em diversas categorias , caso das lavadoras automáticas de roupa, que existem em somente 40% dos lares e dos microondas e estão presentes em menos de 30% dos domicílios brasileiros", disse Sérgio Leme, diretor comercial da Whirlpool.

"Apesar de o Brasil estar num céu de brigadeiro, a competição será acirrada. O ano de 2010 será bom para a Nestlé , mas também para todas as outras empresas. A inovação será fundamental, com distribuição em canais diferenciados e lançamento de produtos", afirmou Westermann Geraldes, vice-presidente de Vendas da Nestlé.

Fonte: Imagem Corporativa Comunicação