Foi anunciada uma nova coalizão formada secretamente há seis meses e que conta com mais de 100 países, tanto pobres quanto ricos. Mas a menos que China, África do Sul, Brasil e Índia participem, o acordo sobre energia 100% limpa pode ir por água abaixo.
Temos só 48 horas para mostrá-los que pessoas do mundo inteiro esperam que estes países se juntem à nova coalizão. Com a dose certa de pressão, Brasil, China e África do Sul poderão aderir ao grupo. A Índia, por sua vez, deixaria de boicotar o acordo. Mas isso só irá acontecer se eles sentirem que poderão ser responsabilizados por fazer o Acordo de Paris dar errado.
Encabeçada pelas Ilhas Marshall, a coalizão representa mais da metade das nações do mundo, incluindo 79 países da Ásia, África e América Latina, grandes poluidores da União Europeia e os Estados Unidos. O objetivo é pressionar por energia 100% limpa, financiamentos para a transição em países mais pobres e um rigoroso conjunto de regras para responsabilizar e aumentar os compromissos com o planeta ao longo do tempo.
Todos os esforços para um acordo climático global têm sido frustrados por causa de uma divisão entre as principais nações poluidoras e os países que se sentem menos responsáveis pelo problema. Entretanto, os dois lados estão unidos nesta nova aliança. E, apesar da responsabilidade de financiar a transição para energia renovável recair nos ombros dos poluidores, como é justo, a proposta garante a descarbonização de todas as economias do mundo.
A Índia quer continuar usando carvão e isso é um problema. Mas a China, por exemplo, já é líder mundial em energia renovável e o Brasil colocou metas ambiciosas de transição para energia limpa. Não há, portanto, motivos para China e Brasil não participarem de um acordo para o bem comum de todo o planeta. Eles argumentam que não é possível estabelecer metas que não contemplem a necessidade das nações mais pobres. No entanto, Angola, que representa os 48 países mais vulneráveis do mundo, também participa desta nova coalizão.
As assinaturas da maior petição por energia 100% limpa já vista ilustram, nesse momento, os saguões da Conferência de Paris. Enquanto os ponteiros marcam as últimas horas de negociações tensas, é hora de levar as nossas vozes diretamente para o plenário da conferência.