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Corintiano irá a pé do Rio a SP para cumprir promessa por ter visto jogo na Bombonera

 

O corintiano Rodrigo Parente, 32, irá iniciar no domingo, dia 18 de agosto,  uma viagem de nove dias a pé do Rio de Janeiro, onde ele reside,  até o estádio que o Corinthians está construindo no bairro de Itaquera, na Zona Leste da cidade de São Paulo. No caminho, passará pela cidade de Aparecida, em São Paulo, para visitar a Basílica, da padroeira do Brasil.

 

 

 

A caminhada do rapaz, tem um bom motivo, o pagamento de uma promessa, feita ele à Nossa Senhora Aparecida em junho de 2012, para que alcançasse a graça de assistir à primeira partida da final da Copa Libertadores da América disputada por Corinthians e Boca Juniors  em 2012.

 

 

O trajeto será feito em absoluta solidão, sem nenhum amigo ou parente dando qualquer tipo de suporte. Ele dormirá todas as noites em postos de gasolina, no chão batido, sem cobertor ou qualquer conforto. Em sua bagagem, levará apenas um par extra de tênis, barbeador, escova e pasta de dentes, um agasalho do Corinthians, um par de meias, um desodorante para os pés, uma camiseta e uma calça.

 

 

Também não irá comer carne vermelha nem beber refrigerante ou cerveja. Será uma viagem espartana. Seu único luxo será um telefone celular, para tirar fotos e ser utilizado em uma eventual emergência.

 

 

“Pois é, a promessa é exigente, mas tinha que ser. Na hora que eu fiz, eu achava que não tinha a menor chance de eu assistir a essa partida, e eu já tinha sofrido tanto… Então a promessa foi dura. E não é que deu certo?”

 

 

De fato, nas circunstâncias em que a promessa foi feita, poucos apostariam que Rodrigo conseguiria ver o seu Corinthians na Bombonera. Faltavam cerca de 30 horas para o jogo, e Rodrigo encontrava-se preso em nome da lei, sem lenço sem documento, na cidade de Passo de Los Libres, na fronteira do Brasil com a Argentina, a mais de 600 quilômetros de Buenos Aires.

 

 

Mas Rodrigo é um homem de fé. De fé e fiel. Quando o clube de seu coração se classificou para a final da Libertadores da América contra o Boca Juniors, em junho do ano passado, ele tratou de comprar  no dia seguinte a sua passagem para Buenos Aires, para assistir à primeira partida da decisão, no dia 27 daquele mês. Não conseguiu comprar o ingresso para o jogo, mas iria de qualquer jeito, e fosse o que Deus quisesse.

 

 

 

Mas tudo deu errado a partir dai, ou quase tudo. A passagem era para o dia 25 de junho, do Rio de Janeiro para a capital argentina. Rodrigo foi embarcar no Aeroporto do Galeão portando um só documento, a carteira de motorista. Mas, na manhã do dia 25, no aeroporto, foi informado que só é possível viajar para o país vizinho portando passaporte ou RG.

 

 

 

Começou então a improvável saga do corintiano. Não havia tempo para tirar um novo RG, e Rodrigo havia perdido o seu. Desistir não era uma opção. Então, o corintiano resolveu trocar sua passagem de Buenos Aires para Porto Alegre. De lá, pegou um ônibus de 12 horas para Uruguaiana, cidade gaúcha na fronteira com a Argentina.

 

 

 

Rodrigo chegou ao município fronteiriço no início da tarde do dia 26 e conheceu um taxista. “Ele me disse que seria impossível atravessar a fronteira até a cidade argentina de Paso de Los Libres sem portar RG ou passaporte”.

 

 

 

Sem nem pensar em desistir, ele perguntou se não haveria um método menos ortodoxo de cruzar a divisa. Este lhe disse que, durante a madrugada, apenas um agente policial argentino ficava no posto, e que se ele tentasse cruzar a fronteira longe da ponte que fornece o acesso oficial, talvez tivesse uma chance.

 

 

 

Era isso ou nada. Rodrigo, então, esperou até a madrugada para partir em sua missão de invadir a Argentina pelo mato. “Achei que estava indo bem, mas quando estava chegando perto de uma rua asfaltada, fui parado ela polícia. Me levaram preso para o posto da fronteira”.

 

 

O policial, que não estava dormindo, era enérgico e justo. Não dava nem margem para oferta de propina. Era cadeia e deportação. Faltavam pouco mais de 24 horas para o jogo. Momento desespero, minha Nossa Senhora Aparecida, me ajuda, eu vou a pé do Rio até Aparecida, sem luxo, sem cama, sem carne e sem cerveja, eu prometo, mas preciso assistir a esse jogo.

 

 

 

Rodrigo fez a promessa, mas não parou por ai. Ele explicou tudo o que estava acontecendo ao policial, em portunhol fluente. Falou, chorou, implorou. “Eu disse para ele que tudo o que eu queria era assistir a um jogo de futebol, era o Corinthians na final!”

 

 

 

O policial era torcedor fanático do Boca Juniors. Ele sabia muito bem da importância daquela partida. “Ele ficou com dó de mim e resolveu dar um jeitinho. Ele me liberou, disse para que eu voltasse para o Brasil no dia seguinte ao do jogo e me desejou boa sorte, mas não muita, porque torcia para o Boca”.

 

 

 

Então, o brasileiro, já um imigrante ilegal na Argentina, caminhou até a rodoviária de Paso de los Libres e lá chegou por volta das 2h da manhã da madrugada do dia 27, data do jogo. O próximo ônibus para Buenos Aires, distante 677 quilômetros, sairia somente às 4h30.

 

 

 

Nesse ínterim, tentou dormir um pouco nos bancos da estação. Dois policiais acharam o elemento surpreso e foram aborda-lo. ”Quando eles viram que eu não tinha passaporte nem RG, quiseram me deportar”. Novo desespero, nova negociação, novo final feliz. O corintiano pegou o ônibus, sentiu o frio na barriga ainda uma vez mais, quando o coletivo passou por uma batida policial, mas finalmente chegou a Buenos Aires, no início da noite, e sem ingresso.

 

 

 

Tentou comprar nas imediações do estádio, mas não conseguiu. Achou caro os que lhe ofereceram ou ficou com medo de adquirir ingresso falso. Depois de toda a epopeia, o jogo começava na Bombonera e Rodrigo assistia ao Corinthians em uma TV de 20 polegadas em um boteco no bairro da Boca.

 

 

 

P.S. Para quem quiser conhecer o corintiano pagador de promessas, aqui está a sua página no Facebook.