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Cruz Vermelha começa a treinar professores da rede municipal de ensino no mês de julho

Professores de escolas situadas em áreas de risco passarão por um curso de proteção para situações de guerra, em julho. A iniciativa do treinamento dos docentes da rede municipal de ensino foi da própria Secretaria Municipal de Educação com base em um programa implantado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nas áreas de Saúde e Educação do Estado do Rio de Janeiro, em 2009 e 2013. O objetivo, na ocasião, foi limitar e aliviar as consequências humanitárias da violência armada em sete favelas.

 

O curso do CICV faz parte de uma série de medidas para amenizar a violência que vem se abatendo sobre as escolas municipais desde o início do ano letivo. A Secretaria Municipal de Educação também iniciou uma campanha pela paz que vai reunir as suas escolas em encontro no dia 2 de julho, nas proximidades do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo.

 

Este ano, dos 85 dias letivos, em apenas sete, todas as escolas da rede funcionaram plenamente. Nos 78 dias restantes, pelo menos uma escola não funcionou por motivos de violência. A rede municipal de ensino conta com 1.537 escolas e atende cerca de 650 mil alunos.

 

O programa do CICV em parceria com a Secretaria Municipal de Educação prevê o treinamento de 40 professores. O mesmo curso já foi aplicado tanto em contexto de conflito armado como de violência urbana, em países como Colômbia, Ucrânia, Líbano, Honduras e México.

 

A capacitação dos professores terá a duração de uma semana com carga horária de 40 horas. Os professores treinados serão multiplicadores na rede, transmitindo o aprendizado de autoproteção e protocolos de segurança para casos de emergência a outros grupos de docentes.

 

O curso é dividido em módulos temáticos que abordam tópicos como a dinâmica da violência armada no município e seu impacto nos equipamentos públicos, o conceito de Acesso Mais Seguro para Serviços Públicos Essenciais, gestão de crise, dentre outros. Para os multiplicadores o curso é teórico, mas, para os professores, exercícios simulados são importantes e devem ser aplicados.

 

A Cruz Vermelha destaca que, no Rio, certas comunidades estão sendo afetadas por situações de violência armada que geram consequências humanitárias, embora estas não cheguem ao nível de um conflito armado à luz do Direito Internacional Humanitário (DIH).

 

Outras medidas de combate à violência
 

O curso da Cruz Vermelha é um dos caminhos traçados pelos próprios professores para atenuar a violência. O CICV tem sede em Genebra e atua em mais de 80 países que estão em guerra ou afetados pela violência. Outras medidas incluem a mobilização das comunidades em defesa da paz e o pedido de interrupção das incursões policiais em horário de entrada dos alunos nas escolas.

 

A Secretaria de Educação já criou três grupos territoriais de discussão da violência. Dois deles reúnem os diretores e professores das escolas dos complexos da Maré (que agora engloba Manguinhos) e do Alemão. O terceiro, recém-criado, é o das escolas do Lins.

 

Os grupos de trabalho estão discutindo também alterações no protocolo que estabeleceu uma gratificação para os profissionais que trabalham nas escolas de difícil acesso. Profissionais dessas escolas, desde que se enquadrem em dois dos critérios do protocolo, recebem uma gratificação baseados na localização das unidades. A violência no entorno das escolas passaria a compor a lista dos critérios estabelecidos no protocolo para recebimento da gratificação.

 

Além disso, a Secretaria visa à contratação de vigilância para as 45 escolas localizadas na Maré, à construção de um local mais adequado para instalação de botijões de gás, à adoção de algumas ações para minimizar o prejuízo pedagógico dos alunos que ficam sem aulas por conta da violência (programa que simula salas de aula é uma delas), assim como à implantação de uma gerência da 4ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação) específica para cuidar dos assuntos da Maré.

 

Estão sendo estabelecidos também critérios de convivência para as escolas situadas nas áreas em conflito, com a elaboração de regras para um manual especificando de fechamento e/ou manutenção das unidades em funcionamento.