Início Plantão Rio Delegadas conquistam respeito dentro e fora da corporação

Delegadas conquistam respeito dentro e fora da corporação

Quando assumiu a chefia da Polícia Civil em 2011, Martha Rocha não se tornou apenas um pioneira por ser a primeira mulher no cargo. Ela colocou em destaque o trabalho das delegadas do Estado do Rio, que hoje estão à frente de 36 delegacias e departamento fluminenses. Com dedicação e empenho, elas mostram, no Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje, que a preocupação diária é desenvolver um trabalho cada vez melhor.

 

Filha de um pernambucano que defendia que as mulheres não deveriam trabalhar, Márcia Barreto, de 54 anos, encontrou no concurso para detetive, em 1986, a possibilidade do primeiro emprego. Em um tempo em que poucas mulheres integravam a Polícia Civil, a atual diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher apostou na carreira.

 

– Entrei e gostei, apesar das dificuldades. Convivíamos com policiais machistas, que falavam para gente voltar para casa para lavar roupa. Mas fomos conquistando o nosso espaço – afirmou Márcia.

 

Formada em Letras, ela fez a faculdade de Direito, e a vontade de se tornar delegada surgiu naturalmente. Depois de 14 anos como detetive, Márcia foi aprovada no concurso. Apenas dois anos após assumir o novo cargo, ela se tornou titular de sua primeira delegacia: a de Atendimento à Mulher, de Nova Iguaçu. Para a delegada, a presença feminina ajudou a mudar a cara da Polícia Civil.

 

– Cumprimos a lei, temos disposição para sermos delegadas, mas de uma forma mais tranquila, do jeito que somos como mulheres – disse Márcia.

 

Após 13 anos como procuradora de Duque de Caxias, Catarina Noble, 60, queria novos desafios. Fez o concurso para delegada da Polícia Civil e já completou 20 anos no cargo. Para conquistar a confiança dos funcionários na primeira delegacia onde trabalhou, a 23ª, ela usava o bom humor.

 

– Trabalhava com dois policiais experientes. Um dia, um deles comentou que iria se aposentar porque chegava na delegacia e tinha uma mulher para mandar. Em casa, outra para dar palpite. Cutuquei ele e disse que a diferença era que a de lá tentava, mas a daqui conseguia. A partir daí, nos tornamos amigos – afirmou Catarina, que é titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade.

 

Aposentadoria adiada

 

A oportunidade de ser titular de sua primeira delegacia e trabalhar especificamente com mulheres fez com que Celia Rosa, de 58 anos, adiasse a aposentadoria. Com 30 anos de Polícia Civil, ela aponta o trabalho à frente da Delegacia de Atendimento à Mulher, no

Rio, como o mais gratificante da sua trajetória.

 

– Vemos que conseguimos ajudar as mulheres. Minha filha, de 11 anos, tem muito orgulho – disse Celia.

 

A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, recorda os desafios da sua trajetória.

 

– Estou há 29 anos na Polícia Civil. Em 1993, fui designada para o cargo de diretora- geral do Departamento de Polícia Especializada, a face mais operacional da PolíciaCivil. Minha primeira luta sindical foi por um banheiro feminino na delegacia onde tirava plantão, pois só havia homens. É um reconhecimento chegar ao cargo mais importante da instituição. Hoje, a história é outra – afirmou Martha.