Início Plantão Rio “DOROTÉIA”, de Neslon Rodrigues, faz temporada no Sesc Copacabana

“DOROTÉIA”, de Neslon Rodrigues, faz temporada no Sesc Copacabana

 

 image001 (525x456)

 

Depois de estrear no Teatro Tom Jobim em fevereiro de 2016, com enorme sucesso e prorrogação de mais um mês na temporada, passar pela Cidade das Artes na Barra, por Minas Gerais (Uberlândia e Araxá) e pelo o Nordeste (Salvador, Recife e Maceió), o espetáculo “Dorotéia” reestreia dia 13 de janeiro no Arena Sesc Copacabana, com apresentações as sextas, sábados e domingos.

 

 

Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller estão juntas em cena, como a fera e a bela, nesta montagem de “Dorotéia”, texto de Nelson Rodrigues, com direção e encenação de Jorge Farjalla. Rosa interpreta a protagonista Dona Flávia, uma mulher feia, frustrada e infeliz que faz de tudo para destruir a beleza da prima Dorotéia, ex-prostituta, uma pecadora incorrigível, porém arrependida, vivida por Letícia. Ambas encenam pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues.

 

 

E esta parceria é vitoriosa não só de publico, mas também de prêmios: Rosamaria ganhou os Prêmios Cenym e Nelson Rodrigues como melhor atriz, este último concedido também a Letícia Spiller e a Jorge Farjalla, como melhor direção.

 

 

 “Sempre interpreto mulheres ricas e sofisticadas. Queria uma personagem que me desconstruísse completamente, e pedi isso ao Farjalla”, revela Rosamaria, que idealizou o projeto junto com o diretor, dentro das comemorações de seus 60 anos de carreira.

 

 

Letícia Spiller se descobriu apaixonada por “Dorotéia”. “Logo que comecei a estudar teatro, o meu desejo era fazer essa peça”, lembra ela que, mais de 20 anos depois, enfim recebeu o convite do diretor Jorge Farjalla e de Rosamaria Murtinho para encená-la.

 

 

“Sou um privilegiado por trabalhar com duas gerações de grandes atrizes, com personagens de peso e no texto de Nelson. A energia que a Letícia tem é exatamente o que eu queria para a Dorotéia e Rosinha traz a visceralidade peculiar à Dona Flávia”, diz Farjalla.

 

 

“Dorotéia”, escrita em 1949, fechou o ciclo das obras do teatro desagradável de Nelson Rodrigues, classificado pelo crítico Sábato Magaldi como “peças míticas”. O texto é uma ode à beleza da mulher onde a heroína, título da obra, segue em busca da destruição de sua própria beleza para se igualar à feiúra de suas primas: Dona Flávia, Maura e Carmelita. Numa casa só de mulheres, sem quartos e onde há mais de 20 anos não aparece um homem, chega Dorotéia, uma ex-prostituta arrependida, que quer se redimir de seus pecados. Procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da idéia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa e se tornar tão feia quanto o resto da família. 

 

 

É uma mistura de sonho, pesadelo, desatino e destino irremediável. Por um momento paira a esperança de que a maldição não se cumprirá, mas ela é irrecorrível. As imagens e símbolos da obra de Nelson Rodrigues são um espelho irônico do desespero do autor expondo sua visão desencantada do espírito humano e, ao mesmo tempo, enfeitiçada por suas contradições, além da exposição sobre a histeria e sobre o amor impossível recorrentes do início do século.

 

 

Ancorada na obra de um dos maiores dramaturgos do Brasil, a montagem de “Dorotéia” faz uma releitura desse clássico e traz à cena uma leitura particular da única farsa escrita por Nelson Rodrigues, mantendo e ampliando o diálogo com questões contemporâneas, através do olhar de Jorge Farjalla e do trabalho do elenco que conta, além de Rosamaria e Letícia, comAlexia Deschamps (Maura), Dida Camero (Dona Assunta), Anna Machado (Maria das Dores) e Jaqueline Farias (Carmelita).

 

 

Outro ponto alto do espetáculo – e que o diferencia das demais encenações – é o coro masculino, não presente na obra, batizado pela direção como “Homens Jarro” que representa tanto a aparição do signo “jarro”, símbolo que está no texto,como os homens que passaram pela vida da ex-prostituta. Esse coro permeia a encenação executando ao vivo os sons e a trilha do espetáculo.

 

 

Com cenografia de Zé Dias, figurinos de Lulu Areal e direção musical de JP Mendonça, a peça tem ainda, como Homens Jarro, os atores/músicos André Américo, Daniel Martins, Du Machado, Fernando Gajo, Pablo Vares e Rafael Kalil.

 

 

Sinopse

Dona Flávia, a matriarca da família, recebe Dorotéia, ex-prostituta, que largou a profissão após a morte do filho e vai buscar abrigo na casa de suas primas, onde, junto com Dona Flávia, vivem Maura e Carmelita, num espaço sem quartos e onde há 20 não entra homens. Três viúvas puritanas e feias que não dormem para não sonhar e, portanto, condenadas à desumanização e à negação do corpo, dos sentimentos e da sexualidade.

 

Arrependida, Dorotéia procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da idéia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa. Dorotéia, linda e amorosa, nega o destino e entrega-se aos prazeres sexuais. Este é seu crime, e por ele pagará com a vida do filho e buscando a sua remissão.

 

Na história desta família de mulheres, o drama se inicia com o pecado da avó, que amou um homem e casou-se com outro. É neste momento que recai sobre todas as gerações de mulheres da família a “maldição do amor”. Elas estão  condenadas a ter um defeito de visão que as impede de ver qualquer homem, se casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial – único sinal de contato que teriam em toda vida com o sexo masculino. Dorotéia, em troca de abrigo, aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.

 

Ficha Técnica

Texto: Dorotéia

Autor: Nelson Rodrigues

Direção e encenação: Jorge Farjalla

Assistente de direção: Diogo Pasquim e Raphaela Tafuri

Elenco: Rosamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Deschamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias

Homens jarro (músicos): André Américo, Daniel Martins, Du Machado, Fernando Gajo, Pablo Vares e Rafael Kalil

Direção de arte e espaço cênico: Zé Dias

Figurinos: Lulu Areal

Iluminação: Jorge Farjalla, Jessica Catharine, José Dias e Patrícia Ferraz

Direção musical: João Paulo Mendonça

Maquiagem e visagismo: Anderson Calixto

Preparação vocal: Patrícia Maia

Fotografia: Carol Beiriz

Produção executiva: Sandra Valverde

Direção de produção: Lu Klein

Transportadora oficial: Avianca

Realização: Sesc

Produção: MRM Produções Artísticas

 

Serviço

Espetáculo: “Dorotéia”

Texto: Nelson Rodrigues

Categoria: Farsa irresponsável

Direção e encenação: Jorge Farjalla

Elenco: Rosamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Deschamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias

Local: Arena Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, RJ – 2547-0156)

Temporada: de 13 de janeiro a 19 de fevereiro/2017

Horário: sexta e sábado: 20h30; e domingo: 19hs

Preço: R$ 6,00 (Associados Sesc) R$ 12,00 (estudantes e idosos) e R$ 25,00 (inteira)

Bilheteria: de terça a sábado das 13h às 21h e domingos das 13h às 20h

Classificação: 16 anos

Duração: 90 min.

Capacidade: 242 pessoas