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E continua a farra em Brasília

Em plena crise financeira, alguns gastos de instituições públicas chamam a atenção. Só este ano, a lista de compras é curiosa e variada. Há desde gastos com algemas de plástico, na Câmara dos Deputados, até lençol de mais de R$ 500 na Presidência. Além de muito dinheiro para festividades no Senado. O levantamento foi feito pela Organização Não Governamental (ONG) Contas Abertas, com base no Sistema de Acompanhamento Financeiro do Governo (Siafi).
As compras feitas pela União são bastante diversificadas. Do início do ano até agora, há itens que chamam atenção. E todos aparecem no Siafi.
O comando do Exército na Amazônia, por exemplo, gastou em março, mais de R$ 2 mil com 720 garrafas de cerveja.
Na Presidência da República, a preferência foi por bebida não alcoolica. Quase R$ 18 mil foram gastos com quase 13 mil latas de refrigerantes variados. Mais R$ 5,5 mil com 15 lençóis. Outros lençóis, hospitalares e descartáveis, custaram quase R$ 40 mil. Com curativos anti-sépticos, a Presidência gastou R$ 543.

STF também não economiza

O Supremo Tribunal Federal (STF), em março, não economizou nas cadeiras. Gastou mais de R$ 265 mil com modelos com encosto médio e alto e cadeiras giratórias.
Já na Câmara dos Deputados, a preocupação foi com a segurança. Em fevereiro, foram compradas 1200 algemas de plástico. Total gasto de R$ 1,7. No entanto, neste ano ninguém foi preso no prédio.
No Senado chamou atenção os gastos com comemorações. Em fevereiro, por exemplo, quando José Sarney assumiu a presidência da Casa, foi contratada uma banda por R$ 4 mil, e outros R$ 38 mil foram usados para pagar serviço de buffet.
Segundo a ONG Contas Abertas, em 2008, os R$ 430 mil gastos com celebrações no Senado foram semelhantes aos investimentos do Ministério da Educação com projetos do programa qualidade na escola que recebeu R$ 426 mil para programas relacionados ao ensino médio.
No geral, o ano passado, a União gastou com festas e homenagens R$ 22 milhões. Por lei, são dispensadas de licitação as compras e contratos com valor inferior a R$ 8 mil.
Segundo uma das integrantes da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, ninguém está questionando a legalidade do gasto. Mas sim a qualidade e a prioridade do gasto.
— Para cada gasto desse supérfluo, inusitado, extravagante, nós podemos comparar com importantes programas do governo. Quer dizer, imaginar que se esses gastos não existissem esses valores poderiam estar sendo aplicados em áreas muito mais úteis do que em extravagâncias que a União aplica — avaliou.

Presidência se justifica
 
A Presidência da República informou que os gastos com refrigerante foram feitos por meio de licitação. Para atender às autoridades e aos servidores que trabalham depois do horário de expediente, às visitas presidenciais feitas por chefes de estado e a diversos eventos realizados na Presidência, Vice-Presidência e residências oficiais. Sobre os lençóis hospitalares, a Presidência informou que é para o uso nas dependências da coordenação de saúde e para as viagens oficiais. Os outros lençóis são para as residências oficiais da Presidência da República e foram comprados sem licitação porque o valor era baixo.

Fonte: ONG Contas Abertas