Durante uma semana, de hoje até o dia 29, cerca de 50 mil estudantes brasileiros vão participar do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). A prova é aplicada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O programa de avaliação começou em 2000 e o objetivo é fornecer aos países participantes indicadores educacionais que possam ser comparados internacionalmente.
Este ano, 65 países participam da prova. Entre as três provas aplicadas (Matemática, Leitura e Ciências), uma área do conhecimento é escolhida, a cada edição, para ser o foco das análises. Em 2009, o exame terá ênfase em leitura.
O Brasil participou de todas as edições do Pisa e sempre ocupa as últimas posições no ranking de desempenho. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação e Cultura (MEC), é o coordenador do Pisa no país.
Para o diretor de avaliação da Educação Básica do Inep, Heliton Tavares, é muito importante para o Brasil situar as condições do ensino que oferece em comparação aos outros países.
— O Pisa é um exame estratégico porque é por meio dele que podemos efetivamente nos comparar com um grupo de países muito grande. Nós estamos criando um grande nível de comparabilidade nas avaliações internas do País e temos que reforçar o lado da comparação internacional — avalia.
Reflexos
Tavares acredita que as melhoras recentes em alguns indicadores educacionais, como ocorreu entre 2005 e 2007 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pode ter reflexos na edição 2009 do Pisa.
— Em educação as mudanças são percebidas a médio e longo prazo, mas tem havido uma preocupação e uma mobilização muito grande em torno da melhoria da qualidade da educação no País — afirmou.
Os resultados serão divulgados pela OCDE em dezembro de 2010.
Fraca performance dos alunos demonstra o retrato da qualidade da educação no País
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos é aplicado a estudantes da 7ª série do Ensino Fundamental em diante, na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.
Nas primeiras edições do Pisa, o número de alunos brasileiros participantes foi de cerca de cinco mil. De 2006 para cá, o Ministério da Educação e Cultura ampliou a aplicação da prova.
Segundo Tavares, o objetivo é obter resultados significativos por estados e em outros estratos, como rede república e particular.
— Esse ano serão cerca de 26 mil estudantes sendo avaliados para efeito de construção das médias. Além disso temos um outro grupo que vai participar que são de alunos do 1° ano do Ensino Médio. A partir daí queremos verificar qual é o efeito da defasagem idade-série no desempenho — afirma.
Baixa qualidade
Os alunos selecionados para 2009 são de 990 escolas públicas e privadas, rurais e urbanas de 587 municípios do País.
Para o especialista em educação e ex-representante da Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil Jorge Werthein, o fraco desempenho dos estudantes brasileiros no Pisa é o retrato da qualidade do ensino no País. — Nós temos indicadores educacionais muito pobres, a baixa qualidade da educação é um problema histórico no País. Essa realidade explica as deficiências que são observadas quando se aplica uma avaliação como o Pisa — aponta.
O especialista acredita que ainda vai demorar para o Brasil alcançar o desempenho que os países desenvolvidos atingem no exame. Werthein ressalta que as várias avaliações educacionais que estão sendo aplicadas no Brasil, tanto na esfera federal como também nos estados, são formas positivas de encarar o problema.
— O MEC está com uma postura muito positiva na forma de enfrentar a realidade. As avaliações dão um diagnóstico fundamental. Se estamos doentes e não sabemos qual é a doença, não sabemos como tratá-la — compara.
Werthein ressalta, entretanto, que é necessário transformar esses diagnósticos em políticas públicas sólidas e contínuas.
— O Pisa anterior revelou que estávamos muito mal em Ciências. E o que fizemos dessa avaliação até agora? Se utilizarmos a avaliação só para lamentar, o impacto é mínimo.
Fonte: Ministério da Educação e Cultura