O prefeito Eduardo Paes anunciou deste sábado, dia 28/11, que está estudando projetos e iniciativas que estimulem o carioca a ter uma postura mais consciente e cidadã em relação à cidade. A informação foi dada após a palestra de abertura do workshop, realizado em parceria da Prefeitura com a ONGRio Como Vamos e a Fecomércio (Federação do Comércio do Estado do Rio), reunindo representantes do Município e o ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus (1995 a 1997 e de 2001 a 2003), para discutir ações bem sucedidas na capital colombiana nesse sentido, e que podem servir de modelo para o Rio de Janeiro.
No encontro, realizado no Palácio da Cidade, em Botafogo, Mockus apresentou o conceito de Cultura Cidadã, que implantou em Bogotá no início da sua primeira gestão, bem como as estratégias e políticas públicas que melhoraram a qualidade de vida dos moradores dessa cidade, considerada a mais violenta da América Latina até então. Dados mostram que o maior impacto foi na segurança pública: a taxa de homicídios caiu de 80 entre 100 mil habitantes, em 1993, para 23,4 por 100 mil em 2003, chegando a 19,2/100 mil no ano passado. As mortes no trânsito também diminuíram, de 24,3/100mil em 1995 para 8,5/100mil ao fim de seu segundo governo.
Entusiasmado, Paes contou que definiu três linhas de ação para implantar a cultura cidadã na cidade. A primeira, segundo ele, já começou: o lixo nas ruas.
– Foi coincidência, tínhamos essa reunião marcada há muito tempo, e justamente esta semana tive uma atitude parecida com a dele (Mockus), ao chamar a atenção por uma a cultura cidadã na questão do lixo – contou o prefeito, que assistiu à palestra inicial ao lado dos secretários municipais de Educação, Cláudia Costin e de Transportes, Alexandre Sansão, bem como do secretário especial da Ordem Pública, Rodrigo Bethlem.
Segundo Paes, a idéia é continuar a chamar a atenção das pessoas contra a sujeira nas ruas, criando para isso incentivos e punições, como a medição periódica do volume de detritos nas ruas (o chamado "lixômetro") e as metas de redução do lixo urbano.
As outras duas frentes de atuação da Prefeitura serão o comportamento no trânsito e a defesa da vida, mas de acordo com Paes, ambas ainda estão na fase "de reflexão".
– Eu pedi que a CET-Rio, junto com o Rio Como Vamos, que estudasse alguma coisa, e acho que o trabalho de Bogotá é um exemplo. O outro é ainda mais elaborado, diz respeito à questão da segurança como defesa da vida na cidade do Rio – explicou Eduardo Paes, contando que também solicitou a parceria da ONG para debater essa vertente, de modo a definir incentivos e atitudes que possam melhorar a cultura pela vida no Rio.
Cultura Cidadã – Mockus explicou que a Cultura Cidadã tem base em três níveis de regulação: legal, moral e cultural. Segundo ele, se uma cidade funciona mal, é por falta de consciência e civilidade da população, por isso o papel do governo deve ser maior do que apenas cumprir e fazer cumprir as leis, e não apenas pela coerção: é necessário motivar as pessoas a mudar seus comportamentos.
– O prefeito pode influir utilizando incentivos econômicos, cobrando multas, oferecendo também prêmios; ou pode influir mediante a coerção, pela força policial. Contudo, deve fazer um esforço para explorar outros caminhos de influência – afirmou.
Fonte: Prefeitura do Rio