Na sexta-feira, dia 11 de abril, a Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Tropa de Choque realizaram uma ação de desocupação do prédio da Telerj/Oi, na Zona Norte do Rio. Em pouco tempo, a operação se tornou violenta, o que prejudicou o trabalho de diversos jornalistas no local.
O repórter Bruno Amorim, de O Globo, chegou a ser preso, acusado de incitar a violência. Por pouco, a fotógrafa Ana Carolina Fernandes, freelancer da agência Reuters, não teve o mesmo destino. “Um capitão da Polícia Militar, cujo nome não me lembro por conta daquela confusão, segurou o meu braço e disse: ‘Eu vou te prender! Se você fizer mais uma foto eu vou te prender por desacato!'”, conta a profissional.
Ana cobria os acontecimentos na favela que se formou no prédio ocupado desde o último dia 7 de abril. A jornalista começou visitando o local com o objetivo de fazer registros para um ensaio, até que recebeu uma ligação às 5h de uma moradora, na sexta-feira, informando de que a polícia ia começar a desocupar o local.
“Resolvi ir. Como sou uma fotojornalista, está na minha alma. Pulei da cama e, quando cheguei lá, já estava tudo cercado. A imprensa já não podia se aproximar uns três quarteirões antes do prédio! Logo de cara um major falava para a gente ‘são ordens do governador, não gostou, vai falar com ele'”, revela a fotógrafa.
Com a ajuda de moradores, Ana conseguiu chegar até a rua do edifício ocupado, esquivando-se dos bloqueios e passando despercebida. Segundo ela, a tropa de choque impedia a entrada no prédio, até que os “ânimos começaram a se exaltar”. Quando a situação começou a ficar mais tensa, um buraco numa grade do prédio foi aberto, dando passagem aos moradores e à imprensa. Ana, ao lado de outros fotógrafos e repórteres do Brasil e de outras agências internacionais, entraram no complexo.
Lá dentro que Ana sofreu a ameaça e as agressões. “Já tinha gás lacrimogêneo, bomba estourando, focos de incêndio… A situação estava tensa. Meu maior medo era o de perder meus cartões [de memória], perder o material que eu já tinha. Então eu me afastei. Já vi isso acontecer diversas vezes, se eles quisessem me prender, teriam prendido mesmo.”
Com experiência na cobertura de manifestações, a profissional não se deixa reprimir pela ação da PM em mais esse caso. “Estava simplesmente exercendo meu direito de documentar uma ação da PM que não poderia ser escondida. Eu faço meu trabalho de forma independente, sem tomar partido. E eu não sou a justiça, não tenho a função de julgar. Minhas fotos estão aí… Se elas forem usadas para ajudar a polícia também, ótimo. Mas não será a truculência ou um capitão da PM que vai me impedir de trabalhar. Pra me impedir, só se for à força”, finaliza.
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