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Estudantes transformam lixo em arte

Português, Matemática, Geografia, História e muita criatividade fazem parte da grade de disciplinas do Colégio Estadual Professor Murilo Braga, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Estudantes do 7º e 8º anos do Ensino Fundamental transformam lixo em arte através da reciclagem de garrafas PET. Os alunos – que já confeccionaram mesas, cadeiras e puffs com materiais renováveis – estão empenhados em construir uma casa ecológica até o segundo semestre de 2010.

 A meta é fazer do espaço um instrumento na luta em prol do meio ambiente. A unidade utilizará a casa para discutir questões ambientais da escola e da comunidade.

Montada com o reaproveitamento de aproximadamente 40 mil garrafas PET, a Casa Ecológica será mobiliada também com materiais recicláveis, possuirá sistema de captação de água de chuva e funcionará através de energia solar. A base estrutural do espaço, que medirá cerca de 15 m2, será feita de ferro. Um engenheiro civil irá preparar o projeto arquitetônico. Para motivar os estudantes a trazerem PET e ajudarem na construção da casa, a direção do colégio está realizando uma gincana. O aluno que coletar mais garrafas ganha um aparelho de MP4. Mais de cinquenta estudantes participarão da ação, que garantirá uma economia de R$ 15 mil aos cofres públicos.

Para os jovens artesãos, ideias inovadoras e preservação da natureza se aprendem em sala de aula. Há um ano, a unidade está desenvolvendo iniciativas ecologicamente corretas. Além das mobílias construídas com materiais recicláveis, os alunos montaram um palco com dez mil garrafas PET e realizam a reciclagem do óleo de cozinha para a produção de sabão. Os conhecimentos adquiridos nas oficinas são repassados aos moradores da comunidade vizinha à escola, que é conscientizada sobre a importância de manter o Rio Meriti limpo. E as ações ecológicas não param por aí: o colégio faz coleta seletiva e está cultivando sua horta medicinal.

– A escola desenvolve projetos em todas as áreas. Como o nosso forte é a questão ambiental, começamos a formar os nossos alunos. Sempre fizemos uma feira cultural e as turmas apresentam vários trabalhos. Em um desses eventos, um professor propôs a construção de uma sala com garrafas PET. Deixamos o projeto de lado e começamos a montar o palco do nosso auditório. Foi aí que o grupo da Agenda 21 do colégio começou a realizar o trabalho de capacitação. Depois, os alunos promoveram campanhas com a população para arrecadar o material. Hoje, os jovens atuam como multiplicadores, disseminando o respeito ao meio ambiente – explicou a diretora do colégio estadual, Maria Angélica Novaes.

Estudante do 8° ano do Ensino Fundamental, Thaysa Lima é uma das integrantes do grupo verde do Colégio Professor Murilo Braga. Depois de ser convidada pela escola para desenvolver projetos voltados para a conservação do meio ambiente, a jovem encontrou nas oficinas de reciclagem inspiração para dar continuidade à sua vida acadêmica. Aos 14 anos, Thaysa sonha em fazer um curso na área ambiental para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos moradores da região onde mora. Quando o assunto é diminuir a produção de lixo no Estado do Rio de Janeiro, a aluna sabe que conselhos dar:

– A comunidade não deve jogar papéis nas ruas e precisa economizar luz e água e realizar corretamente a coleta seletiva. Aprendi muitas coisas e passo o que sei para todos. O projeto começou com poucas pessoas. Eu fui uma das primeiras alunas. Agora, está ganhando cada vez mais membros. Nos cursos, aprendemos todo o processo de montagem do encaixe das PET. Parece ser simples, mas é preciso ter técnica. Tenho orgulho de tudo que faço. No futuro, quero continuar nesse caminho para passar o que é certo à população. É legal saber que você está fazendo a diferença – confessou Thaysa Lima.

Thaysa e os 2.940 estudantes do colégio de São João de Meriti estão contribuindo para o desenvolvimento de um mundo mais sustentável e divulgando os benefícios do consumo consciente. A reciclagem da garrafa PET aumenta a vida útil dos aterros sanitários e reduz a poluição da água e do solo, além de gerar renda e emprego para a população mais carente. Essa prática ecológica está sendo cada vez mais adotada pelos brasileiros. De acordo com o 5º Censo da Reciclagem do PET no Brasil, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), o reaproveitamento da garrafa plástica cresceu 9,5% no último ano. Uma PET demora aproximadamente 100 anos para se decompor.
– O nosso objetivo primordial é o aluno. Todas

essas ações ecológicas se multiplicam através do nosso aluno. Quando um estudante se conscientiza que não pode jogar o óleo de cozinha no ralo da pia, por exemplo, isso vai se multiplicando. É um ganho de 100% para todo o Estado. É um trabalho de formiguinha. Eu como professora também aprendi. Durante anos, fiz coisas ecologicamente erradas. A vida é um eterno aprendizado. Nós ensinamos e aprendemos ao mesmo tempo. Eu sou prova viva disso – ressaltou Maria Angélica Novaes.

 

Fonte: Governo do Rio