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Falta de respeito à Lei Seca continua

Uma pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada ontem mostra que o número de pessoas que bebem antes de dirigir voltou aos níveis de antes da Lei Seca. Em dezembro de 2008, o índice chegou a 2,6%. Em agosto do mesmo ano, dois meses após o início da vigência da lei, esse número era de 0,9%. Em dezembro de 2007, o índice era de 2,1%. Nos três primeiros meses de lei, a queda no uso de álcool antes da direção havia sido de 52%. Em novembro de 2008, os índices, que vinham caindo, começaram a subir: saltaram de 1,2% em outubro para 2,1% em novembro, 2,6% em dezembro e, em março deste ano, chegaram a 2,2%. No total do ano de 2008, o índice chegou a 1,5%, contra 2% em 2007. Os dados estão na edição 2008 do Sistema de Vigilância em Saúde (Vigitel). Foram feitas 54 mil entrevistas por telefone em todo o país e os números vão servir para balizar políticas na área. Dirigir após beber, segundo o ministério, é mais frequente entre jovens de 25 a 34 anos.
O percentual de homens que afirmam fazer consumo abusivo de álcool é dez vezes maior que o de mulheres – 3% contra 0,3%. Segundo a pesquisa, o número de jovens que fazem consumo abusivo de álcool subiu de 16,1% para 19%. A pesquisa mostra também que, quanto maior a escolaridade, maior o hábito de pegar na direção após ingerir álcool. Novamente, o índice é maior entre homens – 5,6% contra 0,9% das mulheres. Teresina é a cidade na qual os homens mais bebem antes de dirigir (6,6%), seguida por Aracaju (6,1%) e Goiânia (5,7%). Boa Vista (1,7%) lidera o ranking entre as mulheres, seguida por Porto Velho (1,8%) e Fortaleza (0,7%).
— A lei tem que pegar. A sociedade precisa dessa lei. O País precisa desesperadamente que essa lei funcione — afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que apresentou os dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

Mortes causadas por bebida aumentam

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera consumo abusivo a ingestão de álcool num mesmo momento (como uma festa) de quatro ou mais doses para mulheres e de cinco ou mais doses para os homens. Quem admite beber até três ou quatro latas de cerveja ou doses de bebidas destiladas, antes de dirigir, não entra nesta conta.
— Dezessete mil mortes por ano causadas por ano em função da mistura de bebida e direção é pior que uma guerra. E nesta guerra nós temos dois componentes centrais: a repressão, por meio de blitz, multa e cadeia, e a conscientização, que se alcança ao longo dos anos — afirmou o ministro, negando que o governo tenha investido pouco na fiscalização, o que teria provocado a acomodação das pessoas após os primeiros meses da lei.

Fonte: Ministério da Saúde