A Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa do Rio vai viabilizar a reconstituição dos últimos incidentes ocorridos no sistema ferroviário do estado e visitará o centro de manutenção dos trens da SuperVia, empresa responsável pelo meio de transporte. A decisão foi tomada pelo colegiado, durante audiência pública nesta quarta-feira (14/10), no Palácio Tiradentes. De acordo com o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT), as ações servirão para esclarecer a situação em que se encontra a ferrovia e tranqulizar a população. “Quero saber qual foi o procedimento usado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) que comprovou, em seu laudo, que a pane ocorrida no dia 9 deste mês foi resultado de sabotagem, já que o presidente do sindicato dos ferroviários, Walmir de Lemos, nos afirmou que o que ocasionou o acidente foi a falta de manutenção dos trens”, questionou o parlamentar.
O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, admitiu que a SuperVia precisa melhorar seus níveis de serviço e investimento, mas acredita que o acidente tenha sido realmente causado por um paralelepípedo jogado nos trilhos e que teria quebrado o pantógrafo – equipamento que faz a ligação com a rede elétrica – do veículo. “A superVia precisa de mais trabalho e de mais recursos públicos. O Governo já está fazendo investimentos no sistema e vai fazer ainda mais. Agora estamos negociando com a SuperVia a compra, pelo estado, de 60 trens novos e renovamos o contrato com a concessionária por mais 25 anos, por ela ter se comprometido a investir mais de R$ 2 milhões no sistema”, informou Lopes.
O deputado Gilberto Palmares (PT) acusou a secretaria de não ter feito nada em relação à denúncia de que a SuperVia teria retirado os dispositivos de emergência que permitem a abertura das portas em casos de acidentes. “A retirada deste equipamento de segurança do veículo é ilegal, irregular. Mesmo assim, a Agestransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Rio) e a Secretaria Estadual de Transportes não fizeram nada”, argumentou Palmares. Lopes disse que não compete à secretaria a atribuição de aplicar penas à SuperVia e sim à Agestransp. “Nosso trabalho consiste no enfrentamento à irregularidade e na defesa dos interesses do usuário”, afirmou o secretário, acusando as últimas manifestações populares na estação da Central de serem “além do razoável”.
Walmir de Lemos disse que, enquanto a situação não for resolvida e os trens não oferecerem uma oferta de escoamento em casos de emergência, as manifestações continuarão. “Precisamos chamar a atenção das autoridades. Botar mais trens não resolverá o problema. O sistema deve oferecer mais segurança aos trabalhadores e aos usuários”, defendeu. Também estiveram presentes na reunião diversos trabalhadores que utilizam os trens como meio de transporte. Nenhum representante da Agestransp e da SuperVia comparaceu à audiência.
Fonte: Alerj