O Financial Times, que completou 125 anos na quarta-feira (13/2), pretende priorizar a área digital, informou a Folha de S.Paulo, nesta quinta (14/2). Segundo o editor-chefe, Lionel Barber, a publicação vem passando por uma revolução digital que exige mudanças editoriais contínuas e pode reduzir a importância das páginas impressas, dando lugar a notícias online.
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Jornal financeiro prepara mudanças para focar no online
Barber vê a iniciativa, que combina mudanças na área da produção, alteração estratégica de rumo nas edições internacionais, e demissões de profissionais, como ajustes internos para refletir as realidades externas, abraçando as vantagens das inovações tecnológicas e aceitando as mudanças nas preferências de um público que tem um domínio cada vez melhor das novas mídias.
Com a perda de 35 vagas de trabalho, serão criadas dez vagas digitais. Serão perdidos 25 profissionais de uma equipe de 600 jornalistas, cem deles trabalham no exterior.
O editor-chefe ressaltou que os cortes, embora dolorosos, são essenciais, porque uma organização noticiosa precisa ser uma operação financeiramente sustentável. “Nosso setor de atuação está mudando”, disse. “Não há necessidade de atualizar o jornal durante a noite, de modo que não precisamos de tantas pessoas trabalhando em horários antissociais para produzir um jornal com notícias em tempo real”, completou.
Haverá menos jornalistas do FT em Londres trabalhando à noite, menos trocas de páginas e um processo de definição de pautas mais eficiente.
Futuro digital
Barber diz que não é capaz de prever o futuro e que não sabe qual o rumo do jornalismo, mas tem certeza de que será digital. No entanto, a versão impressa continua a ser importante. “Ela ainda é uma fonte crucial de receita publicitária. E quero assegurar que o jornal impresso sobreviva por bastante tempo”, disse.
Segundo ele, neste período de transição, o FT busca um equilíbrio delicado. “É como uma gangorra, e não queremos que ela desça com força para um lado só. Vamos deixar que ela desça gradualmente, sem transtornos, em uma transição controlada”, comparou.
Complemento
Para Barber, o segredo para assegurar que as pessoas cheguem ao jornal, independentemente da plataforma, é fazer o impresso ser complementar ao site. Mesmo com as últimas notícias fora do jornal impresso, ele ainda precisa ser “pontual, relevante e atualizado”.
“Enquanto a web ainda traz o primeiro rascunho de uma reportagem, a versão não aprimorada, ela ainda assim precisa ser um bom trabalho de jornalismo, confiável. É evidente que um esforço maior será investido no jornal impresso, que será mais reflexivo e relevante”, explicou.
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