Após dois anos das chuvas que atingiram a serra fluminense, o desenvolvimento da floricultura – uma das principais atividades desta região – demonstra que as marcas da catástrofe na economia ficaram apenas na lembrança. Graças ao esforço coletivo dos produtores e ao apoio financeiro e técnico da secretaria estadual de Agricultura, muita coisa mudou para melhor.
Através do Rio Rural Emergencial, 89 agricultores da microbacia Vargem Alta (que inclui as localidades de Vargem Alta, Colonial 61 e Stucky) reconstruiram suas unidades de produção e tiveram auxílio na adoção de novas tecnologias. Ao todo, foram investidos quase R$ 836 mil, permitindo a comunidades inteiras superar os efeitos da tragédia e minimizar significativamente os prejuízos.
Um dos projetos coletivos apoiados com recursos do Rio Rural foi a confecção de embalagens personalizadas, para comercialização das flores de corte de Vargem Alta. A ideia surgiu em 2009, através de uma parceria entre o Sebrae-RJ e a Afloralta (Associação dos Agricultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta), que proporcionou a criação de uma logomarca e seu registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Em setembro de 2012, um primeiro lote foi impresso, contendo nove rolos de 17 quilos para as rosas e 28 mil unidades específicas para astromélias, bocas-de-leão e lisiantus.
O floricultor Ernani Bonn, que atua no ramo desde 1996, foi um dos 20 primeiros contemplados com as embalagens. Atualmente, produz quase 5 mil maços por semana, de 20 variedades. Por causa do temporal de janeiro de 2011, contabilizou prejuízo de R$ 50 mil. O produtor teve apoio financeiro do Rio Rural Emergencial, no valor de R$ 14 mil, não reembolsáveis, para adquirir insumos de plantio e novos implementos de irrigação.
Para ele, as embalagens criam um diferencial para o produto no Cadeg (o atual Mercado Municipal do Rio de Janeiro) e em outros mercados.
– Vou estreá-las em abril de 2013, após o primeiro trimestre, geralmente muito fraco em vendas – garantiu Ernani.
Para o presidente da Afloralta, David Hosken, o projeto das embalagens será ampliado para, futuramente, atender outros 230 produtores. Antes disso, será feito um trabalho de padronização das flores, em termos de qualidade, para o efetivo lançamento do novo produto.
– Todos estamos animados. Vamos ter nossa identidade reconhecida e, o consumidor, a origem do produto certificada – comemora.
Em todo o estado do Rio, o Programa Florescer atua no desenvolvimento da cadeia produtiva de flores, plantas ornamentais e medicinais, através de condições facilitadas de financiamento. O foco é a implementação de novas tecnologias, profissionalização e capacitação do setor produtivo e comercial, para estimular a competitividade nos mercados interno e externo.Em Nova Friburgo, o Florescer já financiou cinco projetos, no valor total de R$ 172 mil. Dois outros estão em fase de contratação, com mais R$ 83 mil em recursos, totalizando R$ 255 mil em investimentos.
Segundo a gerente do Florescer, Nazaré Dias, está sendo discutida uma parceria com a Ceasa-RJ para criar novos espaços de comercialização das flores produzidas em Friburgo. O gerente técnico estadual de Floricultura e Fruticultura da Emater-Rio, Martinho Belo, ressalta que as embalagens vão agregar valor ao produto de Vargem Alta e, em médio e longo prazos, aumentar a competitividade no mercado.
Atualmente, Nova Friburgo concentra a metade de toda a área cultivada na Região Serrana, a maior produtora do estado, com cerca de 500 floricultores. Segundo o IBGE, dos sete milhões de maços (dúzias) de flores produzidos por ano na região, 2,5 milhões são plantadas pelos 220 floricultores de Friburgo. O município se destaca na produção de rosas, crisântemos, lírios, gérberas, astromélias, cravos, palmas, entre outros tipos.
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