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Homens de 20 a 29 anos morrem quatro vezes mais

O risco de morte nos homens é 40% maior do que entre as mulheres, consideradas todas as idades. O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde registrou 612,8 mil óbitos masculinos e 453,5 mil femininos em 2008. Entre os homens, o maior número de mortes se concentrou na faixa etária entre de 20 e 29 anos, que registrou 7,2% do total de óbitos masculinos, enquanto que para as mulheres esse percentual é de 2,4%. Isso significa que 43.886 homens perderam a vida nessa faixa etária no ano de 2008, quatro vezes mais do que as 10.786 mulheres que morreram na mesma faixa etária.

Os dados fazem parte do Saúde Brasil 2009, publicação anual da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde que reúne análises e indicadores de saúde no país. O estudo chega à sexta edição e aborda, entre outros, os indicadores estabelecidos nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

CAUSAS EXTERNAS – De acordo com o Saúde Brasil 2009, o grande número de mortes entre homens jovens pode ser atribuído, em sua maioria, aos óbitos por causas externas, que inclui os acidentes e as violências, como os homicídios. Juntos, são a terceira causa geral de óbito no país, com 133,6 mil vidas perdidas em 2008, considerando todas as idades e os dois sexos, atrás respectivamente das doenças cardiovasculares, com 314,5 mil mortes, e neoplasias (cânceres), com 166,3 mil óbitos.

As mortes por causas externas apresentam uma taxa geral de 66,3 óbitos por 100 mil habitantes. Porém, na análise por sexo, os homens morreram, em 2008, cinco vezes mais em decorrência de causas externas do que as mulheres. No sexo masculino, o índice foi de 112,4 mortes por 100 mil; no feminino, 21,6 óbitos por 100 mil.

No recorte regional, a menor taxa de mortalidade foi registrada na região Sudeste, com 61 óbitos por 100 mil habitantes na população geral, com variação de 115,3/100 mil entre homens e de 24,3/100 mil entre mulheres. Já o índice mais elevado foi observado na região Centro-Oeste, com 77 óbitos por 100 mil habitantes, variando de 128,5/100 mil homens e a 27,1/100 mil mulheres.

CAUSAS ESPECÍFICAS – Quando consideradas as causas específicas de morte, as agressões ocupam a quarta posição, enquanto os acidentes de transporte terrestre são a sétima. “Embora o dado ainda seja preocupante, as ações para reduzir a mortalidade por causas externas têm mostrado resultados positivos: a morte por agressões melhorou de posição na lista das dez principais causa de óbito”, afirma o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde, Otaliba Libânio Neto.

No Saúde Brasil 2007, divulgado há dois anos, as agressões eram a terceira causa entre as mortes específicas. As doenças cerebrovasculares e as isquêmicas do coração, ambas pertencentes ao grupo das doenças cardiovasculares, são as duas primeiras causas de óbito no Brasil. Em 2008, a taxa padronizada de mortalidade por doenças cerebrovasculares foi de 43,3 por 100 mil habitantes.

Diferente das causas externas, as doenças cerebrovasculares matam mais mulheres: 10,7%, contra 8% dos homens. Os índices mais elevados foram registrados na região Sul, seguida pela região Nordeste, respectivamente com 45,9 e 45,2 óbitos por 100 mil habitantes. Já o menor índice está na região Sudeste, com 41,4 mortes por 100 mil habitantes. Entre os estados, a taxa mais alta foi registrada no Piauí (66,6/100 mil) e a menor, no Amapá (28,4/100 mil).

NEOPLASIAS – Os homens também são as principais vítimas do câncer. Segundo grupo de mortes no país, com taxa de 75,5 óbitos a cada 100 mil brasileiros, esse indicador é diferente para homens e mulheres: 82,7 para cada 100 mil homens e 62,5 para cada 100 mil mulheres. No geral, os índices mais elevados estão na região Sul (92,6/100 mil), subindo para 106,5/100 mil homens e 79,3/100 mil mulheres. Já a região Norte apresenta as menores taxas, sem diferenças significativas entre homens e mulheres, com 57,7 por 100 mil habitantes.

Para ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde lançou, no ano passado, a Política Nacional de Saúde do Homem. A iniciativa foi uma resposta à observação de que os agravos do sexo masculino são um problema de saúde pública. A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevada. O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política como essa. O primeiro foi o Canadá.

PERFIL DA MORTALIDADE – O Brasil registra, nas últimas décadas, mudança considerável no perfil da mortalidade do brasileiro, com aumento da proporção de óbitos por causas relacionadas a doenças crônicas e degenerativas, em detrimento das causas infecciosas e parasitárias. Essa tendência é confirmada pelo estudo Saúde Brasil 2009. Hoje as doenças infecciosas e parasitárias representam o oitavo grupo de causas mais importantes no país, com apenas 4,4% dos óbitos.

A mudança, que é uma tendência mundial, no Brasil é observada em todas as regiões do país. A maior transformação no perfil epidemiológico foi registrada na região Norte: em 1980 as doenças infecciosas e parasitárias representavam 26% do total de mortes, já em 2008, elas foram causa de 6,5% dos óbitos. Na região Nordeste, os óbitos por essas doenças caíram de 21% para 5% do total registrado.

CAUSAS MAL DEFINIDAS – Ao longo dos anos também se observa uma melhora significativa nas mortes por causas mal definidas, com redução de 65% entre 1980 e 2008. Trata-se dos registros em que não é possível identificar a causa básica, geralmente por preenchimento inadequado da Declaração de Óbito (DO), documento que viabiliza o registro do óbito em cartório e alimenta o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

Em 1980, a proporção de óbitos por causas mal definidas no Brasil era de 21,4%, sendo de 48,56% na região Nordeste e 27,15% na Norte. Em 2008, elas representam 7,7% do total de óbitos declarados. “Um valor bom segundo a OMS que considera um sistema de informação de mortalidade com boa qualidade quando as causas mal definidas estão abaixo de 10%”, explica Libânio.

A região Nordeste registrou a maior queda no indicador, com redução de 83% entre 1980 e 2008. Hoje, quase todos os Estados da região registram índice inferior a 10% nas mortes por causas mal definidas. A melhora na informação na Declaração de Óbito é resultado de uma série de iniciativas para qualificar o preenchimento da DO, entre as quais a realização de oficinas de capacitação dos profissionais e a investigação sistemática das mortes pelos municípios, estados com o apoio do MS”.

 

Fonte: Agência Saúde