Aqui, tudo o que se planta dá, inclusive produtos orgânicos, que dispensam os defensivos agrícolas. Pés de alface, couve, tomate, inhame, milho, jiló, pimenta, abóbora, cenoura, beterraba e muito mais crescem com facilidade em chão que antes servia para despejo de lixo, de entulho e de carcaças de automóveis. O Projeto Hortas Cariocas, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), mantém 18 hortas nas Zonas Norte e Oeste, produzindo 7.211 molhos de hortaliças, 1527 quilos de legumes e 380 kits de suco de clorofila.
Além de proteger o meio ambiente e produzir alimentos saudáveis, o projeto conta com 81 mutirantes, pessoas residentes nas comunidades onde as hortas estão instaladas. Em sistema de mutirão remunerado, os trabalhadores das hortas ficam com 50% da produção e distribuem a outra metade para escolas e creches, famílias carentes e abrigos de crianças. O que eles têm em comum: o prazer de roçar, plantar, cultivar, colher e distribuir.
Clima de roça
Não é preciso ir muito longe para sentir o cheiro de roça. Uma das hortas fica na comunidade Parque Roquete Pinto, em Ramos, acesso pela Avenida Brasil, sentido Zona Oeste. O responsável pela horta, Aurimar Raimundo Teixeira, acumulou experiência no trato com a terra na cidade de São Benedito, Ceará, de onde saiu aos 18 anos. Hoje, com 32, depois de trabalhar no Rio em várias atividades, voltou às origens: “roceiro com muita honra”, diz.
A horta da Roquete Pinto está completando dois anos e é cuidada por quatro mutirantes. Sobre a divisão dos produtos, Aurimar explica que não chega a ficar com os 50 por cento a que tem direito, “porque a metade da produção significa uma grande quantidade para o nosso consumo, geralmente doamos mais da metade”.
Parte da produção é encaminhada para escolas e creches comunitárias existentes na Roquete Pinto e para o abrigo Recanto da Criança, em Ramos. “Estou satisfeito, trabalho na porta de casa e ainda ajudo à comunidade e ao meio ambiente. Antes havia um lixão neste terreno e as famílias estavam convivendo com ratos, moscas e mosquitos”.
Aurimar e a equipe, formada por Antonio Jacinto de Oliveira, Edivar Pereira da Costa e Edinaldo de Souza, transformaram o lugar em uma mini-fazenda. Patas, coelhas e galinhas produzem ovos diariamente . A produção ainda é pequena, mas pode aumentar, segundo os mutirantes. Inovando, Aurimar está mantendo também a criação de tilápia e de carpa.
Julio César Lacerda Monteiro de Barros, coordenador do projeto, diz que o principal objetivo do projeto é popularizar os alimentos orgânicos, além de abrir espaços verdes na cidade para a eliminação dos lixões nas comunidades. Os produtos orgânicos são encontrados em poucos mercados e a preços altos. O que para ele é um absurdo: “esta produção pode estar à disposição do cidadão de baixa renda a preços populares, sem problemas”.
O Projeto Hortas Cariocas também trabalha na construção e manutenção de hortas nas escolas municipais. Assim, as crianças podem experimentar o plantio e acompanhar a produção e a colheita. “Um aprendizado importante, porque elas acabam levando para suas casas e vizinhos esses conhecimentos”, ressalta Julio.
As 18 hortas estão localizadas nas Zonas Norte e Oeste, nas comunidades de Urucrânia ( paciência), Morro do Faz Quem Quer (Rocha Miranda), Jardim Anil (Jacarepaguá), Alemão (Complexo do Alemão), Nova Sepetiba), Complexo do Muquiço (Quadalupe), Conjunto Portus III, Costa Barros e , entre outras, Morro de São José da Pedra (Madureira).
Fonte: Secretaria do Meio Ambiente