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Ilha das Flores terá Centro de Memória Imigração

Uma ilha-museu onde estudantes, professores e visitantes poderão conhecer um pouco mais sobre a história da imigração no estado do Rio. A ideia, acalentada há vários anos por um grupo de professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), começa, agora, a tomar forma com a assinatura de convênio entre a Marinha do Brasil e a universidade, oficializando a criação do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores.
A ilha em questão fica em São Gonçalo, à margem da BR 101 (Rodovia Niterói-Manilha) e, desde 1968, pertence à Marinha, que mantém no local o Comando da Tropa de Reforço do Corpo dos Fuzileiros Navais. Bem antes dessa data, porém, de 1877 a 1966, a ilha serviu de hospedaria para milhares de imigrantes que chegavam ao Brasil em busca de melhores condições de trabalho. Ali funcionou a primeira hospedaria de imigrantes do todo o país, como conta o pesquisador da Uerj Henrique Mendonça:
– Foi construída toda uma estrutura com dormitórios para homens e mulheres, enfermaria, refeitório, casa de médicos. Até três mil pessoas podiam ser hospedadas por vez na ilha, que chegou a receber um milhão de imigrantes até parar de funcionar. Muitos vieram refugiados da Segunda Guerra, da Itália, antiga Iugoslávia e Ucrânia. Para se ter uma ideia, 85% dos alemães que chegaram ao Brasil até 1920 entraram pela Ilha das Flores – conta.
É exatamente essa importância histórica, quase desconhecida, que o Centro de Memória quer resgatar. Através de depoimentos gravados em vídeo de alguns imigrantes, totens informativos colocados em pontos estratégicos da ilha, uma home-page, cenários que remontam as tradições culinárias dos povos e visitas guiadas monitoradas por alunos da Uerj, os organizadores farão da ilha um museu a céu aberto.
– O Rio merece um equipamento cultural desse porte. Recuperar a história da imigração é recuperar a identidade do país. Como universidade, nossa função é produção de conhecimento e este conhecimento não pode estar afastado da população – afirma o professor Luiz Reznick, coordenador do grupo de pesquisa história de São Gonçalo: memória e identidade (Uerj/FFP). 
O almirante Jorge Mendes, comandante da Tropa de Reforço, concorda com o professor e acrescenta que, além da importância histórica e cultural do espaço, a criação do Centro de Memória será uma oportunidade de mostrar o trabalho desenvolvido pela Marinha no local. 
– Seria um egoísmo da Marinha ser a detentora de um sítio histórico de tamanha importância e deixar de abraçar um projeto como esse. A contrapartida para a Marinha é a possibilidade de abrir o quartel para o público externo, civil. Seria uma maneira de mostrarmos também a importância do trabalho que a Marinha desenvolve. Quando conheci o projeto, essa passou a ser uma das minhas metas. Fico muito feliz de estar passando o comando e ter conseguido formalizar o convênio – disse o almirante, que está saindo para a reserva. 
O projeto está dividido em etapas. Tudo deverá estar concluído no ano que vem e a previsão é de que o investimento seja de R$ 580 mil, dinheiro que virá da iniciativa privada através de leis de incentivo e de editais do Governo do Estado. 
 

Fonte: Gov Estado Rio