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Impossibilidade de resgatar novos corpos

A crença na impossibilidade de encontrar novos corpos depois de 26 dias de buscas foi a justificativa apresentada pela Aeronáutica e pela Marinha do Brasil para encerrar o que afirmaram ter sido a “mais complexa operação de busca e resgate marítimos já realizada pelas Forças Armadas, tanto em duração, quanto na magnitude dos meios empregados”.

Desde o dia 1º, quando as buscas aos destroços do Airbus A330 da Air France foram iniciadas, apenas 51 corpos foram encontrados. Mais 177 permanecem desaparecidos. De acordo com assessores das duas Forças, as condições meteorológicas, tidas como “satisfatórias” pela Marinha e como “bastante instáveis” pela Aeronáutica, não foram fatores determinantes para que os militares decidissem encerrar as buscas.

Para demonstrar a “impraticabilidade” de novos corpos serem resgatados, assessores das duas Forças lembraram que há nove dias nenhum novo corpo é encontrado na área de buscas, que chegou a ultrapassar as aguas territoriais sob jurisdição brasileira, ingressando em território sob a responsabilidade de Senegal.

“Desde que nossa operação começou [no dia 1º], nós trabalhamos com o objetivo de localizar 228 pessoas”, comentou o tenente-coronel Henry Munhoz, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. “Todo nosso planejamento, toda a logística empregada na operação foi para que isso acontecesse. Até hoje, seguíamos com botes e suprimento para que se alguém fosse localizado e o salvamento pudesse ser feito. Deixamos claro que faríamos o melhor possível e temos plena consciência de ter feito o melhor que pudemos”, concluiu Munhoz.

Em 26 dias de operação, a Força Aérea Brasileira (FAB) utilizou 12 aviões, além de contar com o apoio de aeronaves francesas, norte-americanas e espanhola. No total, foram voadas cerca de 1.500 horas, o que totalizou buscas visuais numa área correspondente a 350 mil quilômetros quadrados. Já a Marinha brasileira atuou com 11 navios, navegando cerca de 35 mil milhas, o equivalente a quase oito vezes a extensão da costa brasileira. A operação envolveu 1.344 marinheiros e 268 homens da FAB.

Os custos da operação, no entanto, ainda não foram divulgados. “Esses custos certamente estão sendo levantados, mas não está no nosso nível operacional discutir, estabelecer e nem mesmo divulgar, por enquanto, isso. Nós [assessores militares] não temos essa informação e isso nunca foi nossa preocupação”, disse o capitão de fragata Giucemar Tabosa, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.

Explicando que a responsabilidade brasileira era localizar e resgatar possíveis sobreviventes ou corpos das vítimas do acidente, Tabosa explicou que as embarcações francesas – o navio pesquisa francês Porquoi Pás e o submarino nuclear Émeraude – envolvidas com as buscas aos destroços da aeronave continuarão tentando encontrar a caixa-preta do avião, cujos registros de dados e voz podem ajudar a elucidar a causa da queda do Airbus A330.

“Os navios franceses permanecerão no local para tentar localizar os sinais da caixa-preta. Já os brasileiros deixarão a área e prosseguirão ou para Recife (PE) ou para Natal (RN) para deixar os poucos destroços que ainda transportam”, disse o capitão. Somente os navios brasileiros resgataram mais de 600 partes e componentes da aeronave, que serão entregues ao Bureau D´Enquêtes et D´Analises Pour la Securité de l´Aviation Civile (BEA), órgão correspondente ao brasileiro Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). 

Fonte: Agência Brasil