Início Plantão Rio Internet gratuita no Pavão-Pavãozinho e Cantagalo

Internet gratuita no Pavão-Pavãozinho e Cantagalo

O acesso gratuito à internet já faz parte do cotidiano das favelas cariocas. As comunidades carentes do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Copacabana, são as mais recentes a dispor do serviço e hoje se somam à nova realidade consolidada há um ano no Morro Santa Marta, no bairro de Botafogo, também na Zona Sul do Rio. O serviço é resultado de uma política pública, desenvolvida em parceria com universidades, através do Programa Rio Estado Digital, da Secretaria de Ciência e Tecnologia, voltada para levar ações de cidadania a populações residentes em territórios antes inacessíveis, assistidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em apenas 30 dias de operação, mais de 1140 usuários particulares que antes pagavam R$ 30,00 ao mês pelo serviço de provedor hoje acessam diariamente o sistema. Na comunidade do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, por exemplo, o perfil abrange usuários de todas as faixas etárias e predominantemente das chamadas classes C e D, que têm na internet uma nova fonte de acesso à informação, pesquisa, consulta de e-mails e oportunidades profissionais e de empregabilidade.

– Hoje podemos dizer que o Cantagalo está definitivamente inserido no bairro, graças à instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, que foi decisiva para a chegada da internet gratuita, sem fio, à comunidade – comemora o presidente da Associação de Moradores do Cantagalo desde o ano 2000, Luiz Bezerra do Nascimento, lembrando que depois de 30 anos residindo na favela com cerca de 8 mil moradores, o momento não poderia ser melhor.

Segundo Bezerra, a comunidade hoje se beneficia da internet de graça e, como consequência desse serviço, de novas oportunidades de emprego, cursos de inclusão digital, educação profissional, orientação ao empreendedorismo e, o mais importante, integração comunitária.

– Estamos na rede. Estamos no mundo. E o aumento de usuários do sistema é apenas questão de tempo – aposta o presidente da associação, lembrando que os cinco primeiros empregos gerados na comunidade estão relacionados ao trabalho desenvolvido pela PUC-Rio na implantação da rede em parceria com a Mibra Engenharia, empresa responsável pela instalação e manutenção dos equipamentos – 30 antenas distribuídas no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo para captar o sinal de internet.

Enquanto o monitoramento do sistema é exercido por técnicos da Mibra de forma remota e por equipes de manutenção, a orientação ao usuário é feita por monitores, necessariamente moradores das comunidades assistidas, treinados e contratados pela empresa. Para encontrá-los, basta procurar a Associação de Moradores e marcar uma visita que será realizada num prazo de 48 a 72 horas.

– Os monitores são pessoas-chave em todo o processo, pois conhecem bem a demanda local e podem testemunhar a evolução do sistema ao longo do período de implantação e operação – explica o gerente de Sistemas Especiais da Mibra, Aloísio de Oliveira Cunha Batista.

Os monitores, em geral jovens estudantes com noções de informática, são considerados o elo de ligação que permitiu livre acesso à comunidade aos funcionários da empresa. Eles recebem uma bolsa-auxílio de valor variável – de acordo com tamanho da comunidade assistida – para prestar orientação e suporte técnico aos usuários da rede, além de trocar informações com a Mibra sobre o funcionamento do sistema no local.

– A parceria pode ser considerada uma verdadeira fórmula de sucesso para alavancar o programa no Cantagalo e de inserção cada vez maior de usuários à rede gratuita – conta Aloísio. O engenheiro explicou que o trabalho dos monitores, quando solicitados, consiste em verificar o equipamento (laptops e desktops) e adequá-los para captar o sinal de internet. Em geral, quando os computadores não possuem placa wi-fi embutida, os usuários têm de adquirir adaptadores ou antenas externas no mercado, que variam de R$ 35,00 a R$ 120,00. A partir disso, a navegação a custo zero é ilimitada.

A monitora Graziela Lima do Nascimento, de 13 anos, estudante da 6ª série do Ensino Fundamental na EM Minas Gerais, na Urca, trabalha há dois meses para a Mibra no período da manhã. Feliz com o primeiro emprego, ela visita em média quatro casas por dia no Morro do Cantagalo orientando antigos e novos usuários de internet, que com a chegada da banda larga gratuita também passaram a usufruir do benefício.

– Calculo que pelo menos 40% das casas no Cantagalo tenham computador. E agora sem a necessidade de pagar mensalmente R$ 30,00 para ter acesso à rede, a tendência é aumentar – prevê Graziela.

Na Associação de Moradores, Célia Souza da Cunha, responsável da Mibra pelo cadastramento e agendamento de visitas, confirma esse crescimento e interesse cada dia maior pelo serviço. Desde o início da operação do sistema, 180 moradores já preencheram fichas para compatibilizar seus equipamentos e muitos outros para obter informações sobre o Programa Rio Estado Digital.
– No início, as pessoas tinham receio que a internet gratuita fosse limitada e lenta. Conforme o boca a boca espalhando a novidade e o sucesso do sistema acontecendo, a aceitação foi muito boa e o número de consultas crescendo cada vez mais – comemora Célia.

Redes de relacionamento e educação A estudante Tainara Lima Távora, 14 anos, da EM Alencastro Guimarães, em Copacabana, residente no Pavão-Pavãozinho, ganhou recentemente um laptop e há cerca de um mês conversa e troca informações com amigos da escola através das redes de relacionamento.

– Tudo ficou mais fácil agora e melhor ainda porque é de graça – diz Tainara. Mas, como ela mesma admitiu, o uso da informática para os estudos ainda não é uma prática. Por hora, a novidade para ela é estar online com os amigos.

A chegada da internet gratuita dentro das comunidades carentes também está provocando uma mudança de paradigma entre os moradores que procuram se atualizar e investir na compra de equipamentos. Enquanto antes o foco estava nos celulares de última geração, hoje a tendência são laptops e computadores que podem ser financiados em até 24 meses.

Aloísio explica que a Mibra tem registros interessantes sobre o uso da rede no Cantagalo, a exemplo do que também ocorre em outras comunidades com o sistema gratuito de internet. Segundo ele, inicialmente a rede é utilizada para lazer, mas, com o passar do tempo, cada vez mais pesquisas de toda ordem e escolares, serviços e informação.

– Antes estudantes se deslocavam a bibliotecas para fazer trabalhos e estudar. Hoje já percebemos que a internet facilitou esse trabalho, principalmente para aqueles que moram em locais distantes. Com certeza, os sites de pesquisa são os mais acessados, enquanto os de jogos não respondem por mais que 5% do total – revelou.

Fonte: Prefeitura do Rio