Com o objetivo de preparar os profissionais da rede pública de saúde para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá no Rio entre os dias 23 a 28 de julho, o governo estadual ofereceu, nesta sexta-feira (12/07), um curso de capacitação em abordagem sindrômica para que os profissionais estaduais, municipais e federais saibam como atuar em casos de doenças inusitadas e infecciosas, além de contaminação por material biológico. O treinamento, ministrado por uma especialista da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), contou com exposição de casos e reuniu cerca de 100 alunos, que têm a função de repassar as informações aos colegas de trabalho.
– Por atrair muitos turistas estrangeiros, que vão ficar concentrados na cidade, a JMJ traz um desafio para a saúde que é o de estarmos preparados para identificar e lidar com doenças que não circulam no nosso país. Para evitar que haja sua introdução e disseminação no Brasil, é necessário que elas sejam diagnosticadas o mais precocemente possível. Por isso, é importante alertar e capacitar os profissionais de saúde da rede pública para que eles identifiquem os casos, saibam como proceder e acionem os órgãos competentes – afirmou o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde, Alexandre Chieppe.
Para assegurar a saúde da população e dos peregrinos, a Secretaria de Saúde vai coordenar um Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde – formado por 10 profissionais das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e do Ministério da Saúde – que será responsável por monitorar os aspectos relacionados à identificação de doenças nas unidades médicas, verificando notificações e o número de atendimentos. Outro ponto que merece destaque serão as equipes de Ação e Resposta Rápida, formadas por profissionais da Vigilância Epidemiológica e Ambiental do estado, que estarão a disposição em casos de surtos e epidemia e tomarão as medidas necessárias para conter o alastramento do problema.
– Em qualquer caso de suspeita de doença infecciosa ou de contaminação, a equipe de Resposta Rápida estará preparada para fazer a contingência inicial do problema. No caso de um surto de uma doença de transmissão hídrica ou por alimentos, por exemplo, a Vigilância Sanitária Municipal irá até o local, recolherá amostras e tomará providências para evitar que outras pessoas se contaminem com o produto. A integração entre profissionais de saúde do estado, município e governo federal será crucial para atender esse grande aumento de demanda – disse Chieppe.
Uma das participantes do curso de capacitação, a coordenadora médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Realengo, Maria Cristina Ferreira Lopes, elogiou a iniciativa de se realizar um treinamento com profissionais de saúde:
– É importante para que todos adotem os mesmos procedimentos e protocolos, e fiquem atentos à origem e à evolução dos pacientes. Estaremos suscetíveis a doenças que não existem no Brasil ou que já tenham sido erradicadas. A UPA onde trabalho fica na Zona Oeste, região que abrigará a maior parte dos eventos do JMJ, e por isso, transmitirei todos os conhecimentos adquiridos com o curso para a minha equipe, que terá que estar pronta para atender peregrinos e diagnosticar doenças infecciosas.
Listas de doenças
Para auxiliar na identificação de doenças, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Estado (CIEVS-RJ) fez um levantamento das principais enfermidades circulantes no Brasil e no mundo, dividindo-as em duas listas. A primeira reúne as principais doenças presentes nos estados brasileiros e a segunda, as mais comuns no mundo. A listagem ainda inclui doenças já erradicadas no país, como poliomielite, cólera e sarampo, e ainda outros males ainda sem notificação em território nacional, como chikungunya (transmitida pelo aedes aegypti e comum na Indonésia, Índia e Filipinas) e o H7N9, novo vírus da gripe, proveniente de países asiáticos.
– O controle será feito através dos sintomas. Muitas doenças começam com febre e dependendo da origem do paciente, fazemos o teste específico para alguma doença circulante no local. Por isso, é importante descobrir de onde as pessoas vêm e por onde passaram, para que o serviço de saúde atue no diagnóstico da enfermidade – explicou Chieppe
Governo do Rio