Mesmo diante do quadro de dificuldades por que passa a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, quanto à saúde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos seus assessores mais próximos que interfiram junto ao Partido dos Trabalhadores (PT) para que a proposta de um terceiro mandato, que voltou a ser ventilada após o anúncio da doença de Dilma, seja totalmente descartada. Segundo o presidente voltou a afirmar, em Pequim, de onde saiu nesta quarta-feira, rumo a Ancara, na Turquia, não há hipótese de ele se candidatar a um terceiro mandato presidencial caso sua candidata, a ministra Dilma Rousseff seja obrigada, por orientações médicas, a se afastar da disputa.
– Eu não discuto essa hipótese. Primeiro porque não tem terceiro mandato. Segundo, porque a Dilma está bem – afirmou Lula.
A ministra Dilma foi transferida de Brasília a São Paulo, na madrugada desta terça-feira, quando seguiu para o hospital Sírio-Libanês para a realização de exames após ter sentido dores em consequência da reação à sessão de quimioterapia a qual está se submetendo para o tratamento de um câncer do sistema linfático (linfoma). Os médicos constataram que ela teve uma inflamação nos músculos das pernas (miopatia), um efeito colateral que pode ocorrer após o uso de um tipo de corticoide que integra a terapia contra o linfoma.
O presidente disse ter conversado, por telefone, com o o cardiologista Roberto Kalil, médico pessoal da ministra, e recebeu a notícia de que ela está bem e se recupera dentro das expectativas clínicas.
– Já tinha passado as dores, era uma reação à quimioterapia – disse o presidente.
Ainda assim, diante do quadro de incertezas que o estado de saúde da ministra apresenta, a possibilidade de um terceiro mandato de Lula tem sido cogitada no Congresso como uma alternativa a um possível afastamento de Dilma da corrida eleitoral. Lula, no entanto, somente poderia se candidatar novamente ao cargo que ocupa caso houvesse uma emenda à Constituição, o que demandaria os votos favoráveis de mais de dois terços da Câmara e do Senado.
Lula, no entanto, descarta essa possibilidade:
– Essa preocupação não vai existir. A Dilma vai fazer a quimioterapia dela e está totalmente curada, ou seja, não tem problema – acredita.
No caso de Dilma precisar mesmo se retirar da competição pelo Planalto, segundo fontes no PT, os nomes que a poderiam substituir, em última instância, são os do ex-ministro Antonio Palocci, do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o governador da Bahia, Jaques Wagner.
Agenda
Querendo ou não, a ministra Dilma precisará reduzir o ritmo de trabalho e o número de compromissos públicos. Após a alta, nesta quarta-feira, a ministra havia previsto em sua agenda a presença em um debate promovido pela Associação Brasileira de Rádio e Televisão, o que foi cancelada. Ela também optou por não realizar uma apresentação sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Fortaleza, na manhã desta quinta-feira. O único compromisso ainda de pé, na programação da ministra, é um almoço organizado por Marta Suplicy com celebridades, no domingo.
A redução de suas atividades foi uma recomendação médica, como forma de melhorar os resultados de seu tratamento quimioterápico. A ministra foi também aconselhada a permanecer em São Paulo, após deixar o hospital, para descansar.
Ministro das Relações Institucionais, José Múcio, em conversa com jornalistas, pela manhã, disse que Dilma provavelmente precisará descansar mais e trabalhar menos. Quanto a um possível afastamento do cargo, no entanto, ele diz que não chega a tanto:
– Não, nós torcemos para que isso não aconteça. Se for necessário, claro, mas os médicos dizem que não tem problema nenhum – disse.
Fonte: Correio do Brasil