O baixo índice de acesso dos trabalhadores desocupados a cursos de qualificação profissional, revelado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), reflete a falta de investimentos públicos no setor. Mas a situação pode ser revertida com a expansão do Ensino Técnico prevista para os próximos anos. A avaliação é do secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação e Cultura (MEC), Eliezer Pacheco, que prevê a aplicação de R$ 2 bilhões até 2010 nos sistemas federal e estadual de educação profissionalizante.
De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 60% dos oito milhões de trabalhadores que estavam desocupados em 2007 nunca tinham frequentado cursos de educação profissional, segmento que inclui aulas de qualificação para o trabalho, curso técnico de Nível Médio e Graduação Tecnológica.
— O Brasil historicamente não investiu em formação profissional. Não se acreditava que o País pudesse crescer a passos largos. Quando o Brasil começou a crescer percebeu-se a enorme falta de mão de obra. Mas é evidente que as políticas educacionais não dão resultados em curto prazo — argumentou.
Situação revertida
Pacheco acredita que a situação será revertida com a ampliação do acesso de estudantes a essa modalidade de ensino.
Entre as medidas tomadas pelo MEC, segundo o secretário, estão a expansão da rede pública de escolas técnicas (tanto federais quanto estaduais), o fortalecimento do programa de educação profissional a distância e a parceria com o Sistema S para que até 2014, 70% das vagas em cursos do Serviço Nacional do Comércio (Senac) e do Serviço Nacional da Indústria (Senai) sejam gratuitas.
— É uma exigência que fizemos na medida em que o sistema é financiado com recursos públicos — explicou.
Preferência pelo ensino particular
Ainda de acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, entre os estudantes, ocupados ou desempregados, que já frequentaram algum curso de educação profissional, a maioria matriculou-se em instituições particulares: 53,1% do total.
Apenas 22,4% receberam a capacitação no ensino público e o restante passou pelo Sistema S (Senac, Sesi, Senai).
Na avaliação do secretário do MEC, a predominância do setor privado se deve à inclusão dos chamados cursos livres como educação profissional.
— É difícil colocar na mesma pesquisa o Ensino Técnico oferecido pelas instituições públicas e a qualificação, que são pequenos cursos, que muitas vezes não formam. Isso é o que aumenta o percentual de participação das instituições privadas.
Fonte: Ministério da Educação e Cultura