A espera de mais de três décadas para realizar enfim o sonho da casa própria terminou para o aposentado Armando Lima e outras 6.031 famílias este ano. Aos 70 anos, o morador do Vidigal teve o imóvel legalizado e recebeu o título de propriedade que garante a segurança de sua família. Até dezembro, a Secretaria de Habitação através do Instituto de Terras e Cartografia (Iterj) irá regularizar outras 10.240 casas em todo o estado.
No Vidigal, a reivindicação pelo título de posse é antiga. Desde a década de 60, moradores, como Seu Armando, lutam para ter o direito de passar para seus filhos e netos os imóveis que construíram ao longo dos anos. Na comunidade pacificada, mais de 880 famílias já ganharam os documentos do programa Nossa Terra. Só no Vidigal, serão emitidos 2.470 títulos.
– Comecei a fazer a minha casinha há mais de 30 anos e esperei esse tempo todo pela regularização. Com o programa, chegamos ao fim de uma batalha. Nossa classe social não podia contar com políticas como a de regularização de residências. Hoje, tudo mudou. Tenho a certeza de que a casa ficará para os meus filhos. Vou até ampliá-la – afirmou Armando.
A felicidade de poder chamar finalmente a casa que comprou há oito anos de lar é a nova realidade da família Santos. Moradoras do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, a auxiliar de serviços-gerais Sueli dos Santos, as filhas Débora e Suelen e a neta Nicole estão entre as 18 mil famílias que receberão títulos de propriedade.
– Terei uma herança para deixar para meus familiares. Antes, era difícil até dormir. Paguei por uma casa sem documento, mas consegui provar que era o meu lar. Agora, temos um documento oficial. Esse título significa a segurança das minhas filhas e netinha – disse a moradora do Alemão, maior área em fase de legalização de moradias na capital.
Nos próximos dois anos, o governo estadual irá entregar 38 mil títulos em todo Estado do Rio de Janeiro. Ao todo, 800 comunidades contam com o trabalho de regularização fundiária, incluindo bairros como Anchieta e municípios como Macaé, beneficiando 430 e 617 famílias, respectivamente. A ação do Iterj inclui ainda assentamentos rurais, áreas quilombolas e comunidades pesqueiras do interior fluminense.
– É fundamental garantir direitos e dignidade às famílias que dedicaram suas vidas em busca de um lar. Muitos beneficiados constroem seus imóveis, mas não têm certeza que eles permanecerão em suas casas por conta da formalização, que assegura ainda a transferência do imóvel aos herdeiros do beneficiário – explicou o secretário de Habitação, Rafael Picciani.
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