Por Joyce Pimentel*
O calçadão de Ipanema ficou lotado com cerca de mil pessoas que acendiam incensos e gritavam pela legalização da maconha na tarde de ontem (09/05). A concentração da Marcha da Maconha começou por volta das 15h bem em frente ao Posto 9. Os manifestantes seguiram guiados por um caminhão, de onde organizadores proferiam palavras de ordem em favor da liberalização da droga. Muitos manifestantes carregavam cartazes e bandeiras com o símbolo da erva.
A manifestação, que foi acompanhada de perto por cerca de 70 homens da Polícia Militar, seguiu em direção ao Arpoador sem incidente. Até o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defensor da descriminalização da droga marcou presença.
— O fato de eu estar no governo não altera minha convicção sobre o tema — disse.
Um guia do manifestante contendo informações para quem quisesse participar da marcha, como recomendações de não fumar no evento, e seguir sem arrumar tumultos com policias, estava sendo distribuído no local.
Camisas da manifestação foram colocadas à venda, por R$ 25. Um dos organizadores da Marcha da Maconha, Renato 5, que faz parte do Movimento Nacional pela Legalização das Drogas, informou que o evento é muito importante por trazer para a sociedade a discussão sobre o assunto.
— Não existe uma sociedade sem drogas. Pensar o contrário é ser totalmente utópico, como é a nossa própria legislação. Esta manifestação serve para alimentar o debate e alertar as pessoas sobre questões que são tratadas muitas vezes com tabu. O nosso movimento vem crescendo a cada ano — comentou.
A marcha, que ocorre simultaneamente em diversos países, acontece desde 2002 no Rio. Ano passado a manifestação enfrentou problemas e não pôde ser realizada, o que não aconteceu em 2009, que seguiu sem maiores problemas por parte da Justiça.
Um dos participantes da marcha, Gabriel Tarnapolsky, de 23 anos, se disse satisfeito com a intenção e a maneira como o evento foi conduzido.
— Cada um é dono do seu corpo e sabe o que é melhor para ele. Além disso, a legalização da maconha permitiria que impostos fossem gerados com a sua produção, podendo se investir o dinheiro em educação, saúde, e tantas outras coisas importantes para a sociedade. Sem contar que a relação hostil que existe entre o usuário e os policiais deixaria de existir — declarou.
Carlos Minc ovacionado após discursar na orla carioca
Ao som de “sou maconheiro com muito orgulho, com muito amor”, os participantes da manifestação também exibem máscaras com imagens de personalidades como Luana Piovani, Bezerra da Silva, Marcelo Antony, Gilberto Gil, que tem alguma ligação com a polêmica sobre o uso da maconha.
O ministro do Meio Ambiente decidiu por fazer um discurso sobre a guerra das drogas no País.
— Hoje a guerra das drogas mata mais do que a overdose. Só a hipocrisia não vê isso — gritou o ministro, sendo aplaudido e ovacionado por todos.
Muitos dos que manifestantes colocaram como uma das principais vantagens de se legalizar a droga o fim da corrupção. Foi o caso de Débora Silva, 25, moradora de Niterói.
— Legalizando ou não as pessoas continuaram consumindo. Daí, por que não regularizar a situação e fazer com o poder dos bandidos que matam as pessoas na rua diminua? Muitos que usam maconha, se sentem mal com o fato de terem que comprá-la da mão de marginais, então, porque não tornar um ato legal, como quem compra uma fruta ou uma caneta, comprar maconha também? Não tenho dúvida de que a corrupção diminuiria bastante — alegou.
* repórter especial AIB – [email protected]
Fonte: AIB