Pequenos conflitos entre moradores da comunidade do Borel, na Tijuca, vem sendo resolvidos de forma amigável, desde o ano passado, com a ajuda de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que atuam como mediadores entre as partes. O Centro de Mediação de Conflitos da UPP Borel vêm pondo um ponto final nas divergências entre os habitantes locais, com êxito em 80% dos casos.
“Muitas vezes, o problema é somente falta de diálogo. As pessoas estão alteradas, com os nervos à flor da pele e ninguém quer ceder. Então a gente entra, escuta atentamente as versões sobre os motivos da divergência e tentamos ajudar”, diz a Soldado Fernanda Mendes, mediadora da UPP Borel.
O trabalho é feito com base na garantia de neutralidade. Para isso, as conversas entre mediadores e as partes envolvidas nos conflitos são feitas separadamente. E os relatos, mantidos em sigilo.
“Eles percebem que queremos ajudar a resolver a questão e assim a gente ganha a confiança. Além disso, a gente nunca sugere coisa alguma. Somos facilitadores do diálogo entre os envolvidos”, ressaltou a Soldado Fernanda.
Apoio institucional
Embora os conflitos sejam finalizados com apertos de mãos e até mesmo abraços entre as partes, o desfecho das divergências ocorre de fato quando formalizados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). O órgão ministerial coloca o acerto no papel. Em dezembro de 2013, as comunidades da Grande Tijuca ganharam um Núcleo de Resolução de Mediação de Conflitos MP-RJ, o quarto a ser criado na capital.
A Soldado Fernanda Mendes também destaca o suporte ao trabalho que é dado pelo comando da UPP Borel. O comandante da Unidade, Capitão Douglas Ultramar, oferece a estrutura necessária e acompanha de perto o andamento das atividades. Ela também ressalta a participação do Coronel Celso Teixeira e da Tenente Michelle Passos, ambos da Divisão de Ensino da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), assim como do coordenador-geral da CPP, Coronel Frederico Caldas.
“É fundamental ouvir nas reuniões como o trabalho de mediação de conflitos é tratado com importância, como uma das medidas que mais fazem diferença na política das UPPs”, conclui Fernanda. Ela disse também que muitos casos que passaram por suas mãos, em outra época, “poderiam ter acabado em agressões físicas e até mesmo mortes”.
Expansão
A necessidade de ir até a população fez os mediadores de conflitos da UPP Borel expandirem o atendimento aos moradores da comunidade. Agora, os planos estão voltados para mais um local: o Morro da Cruz, que também integra a comunidade do Borel. O tamanho da comunidade ajuda a explicar o avanço do trabalho dos mediadores. Há dificuldade para os moradores do alto do morro descerem para recorrer à mediação. Nem todos podem pagar pelo transporte de Kombi. Para facilitar o acesso, o Centro de Mediação de Conflitos do Borel descentralizou o atendimento.
Governo do Rio