A estimativa de perdas globais por conta da crise financeira internacional é de US$ 4,1 trilhões, segundo informou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Desse valor, US$ 2,7 trilhões são perdas dos Estados Unidos, US$ 1,2 trilhão da Europa e US$ 200 bilhões do Japão. Além disso, Meirelles disse que a queda no comércio mundial esperada é de 11%.
– E isso impacta as exportações do Brasil e do mundo todo – disse.
Mas, o presidente do BC voltou a enfatizar que o Brasil entrou na crise em boas condições, com crescimento econômico, com investimentos e uma trajetória de inflação “consistente com as metas”, e reservas internacionais em US$ 205,1 bilhões em agosto de 2008.
– O Brasil entra nessa crise com um parque industrial modernizado – acrescentou, durante conversa com jornalistas antes de entrar para a audiência pública na Câmara sobre a crise financeira internacional.
Obras do PAC
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em uma apresentação a apenas alguns quilômetros de onde se econtrava o presidente do BC, concordou que o quadro econômico está mais ameno e garantiu que o governo já tem dados que mostram sinais de recuperação do crescimento.
– A economia brasileira foi uma das últimas a entrar na crise e mantivemos crescimento forte até setembro do ano passado enquanto outras economias já tinham desacelerado e seremos os primeiros a sair mais rapidamente da crise – afirmou.
Segundo Mantega, o que leva o governo a acreditar na recuperação é a solidez da economia e a continuidade de implantação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
– O principal impacto do PAC continua sendo o estímulo ao crescimento do investimento que estava próximo a 16% do PIB e foi para 19% em 2008. Então, um crescimento razoável da formação bruta de capital fixo, que é o investimento – disse.
O ministro mostrou um quadro aos presentes no encontro realizado no Palácio do Itamaraty, nesta manhã, com os investimentos do governo federal e da Petrobras, que segundo ele é a maior empresa brasileira e contribui para o crescimento. Pelo quadro, os investimentos públicos que em 2003 eram de 1,1% em relação ao PIB passaram para 2,2% em 2008 e estão previstos para 2,9% este ano (1,7% Petrobras e 1,2% do governo federal).
– Estamos só falando do setor público sem esquecer que o PAC também estimulou o fortemente o investimento do setor privado – acrescentou.
O ministro ressaltou ainda que a Petrobras, apesar da crise, está mantendo todos os programas de investimento “ajudando a manter o crescimento do país”.
– Acho que não há nenhuma outra empresa que tenha essa performance. Aliás, acho que a Petrobras deve ser a única empresa de petróleo que mais investe no mundo, comprando sondas, plataformas em vista o programa do pré-sal – disse.
O ministro voltou a ressaltar a crescimento da economia, que segundo ele era de 1,6% (1998 a 2003) e passou para 4,7% no período subsequente, quando o PAC já estava em ação. Ele enfatizou que há perspectiva de um crescimento muito baixo (1%), mas com rápida recuperação chegando em 2010 entre 3% e 4%.
– Portanto retomando o ciclo de crescimento que foi interrompido por essa crise – continuou.
Recessão
Ainda em seu balanço do PAC, o ministro Guido Mantega disse que as ações são um instrumento fundamental para enfrentar a recessão após o início da crise econômica, que se agravou em setembro do ano passado. Mantega afirmou que o PAC foi o primeiro programa de desenvolvimento implantado no Brasil depois de três décadas sem iniciativas voltadas ao crescimento.
– O último (programa) foi nos anos 70 e, depois dessa data, só tivemos programas de ajustes da economia, como os programas anti-inflacionários – lembrou.
Mantega disse que o PAC impulsionou o crescimento econômico e destacou que, nos últimos cinco anos, o Brasil teve o ciclo mais longo em um período de 30 anos:
– Tivemos 21 trimestres consecutivos de crescimento antes que a crise se agravasse no último trimestre do ano passado.
Segundo afirmou, a pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a economia brasileira cresceu 29% no período entre 2003 e o último trimestre de 2008.
– Foi um excelente resultado, impulsionado, entre outras medidas, pelo PAC. Então o programa é uma ferramenta fundamental para esse resultado bastante expressivo que tivemos – acredita.
O ministro lamentou os problemas econômicos que se agravaram a partir de setembro de 2008.
– A partir do último trimestre iniciou-se a crise, que veio interromper esse ciclo de crescimento provisoriamente. Mas o PAC continua sendo instrumento fundamental – reafirmou.
Balanço
Das 2.446 ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que estão sendo monitoradas, 14% foram concluídas e 77% estão com execução adequada. De acordo com o sétimo balanço do PAC, que está sendo apresentado hoje (3), 7% das obras exigem atenção e 2% estão em situação preocupante.
O percentual de ações concluídas representa 335 empreendimentos, dos quais 133 são no setor de logística; 186, de energia; e 16 no eixo social e urbano. Os números não incluem obras nas áreas de habitação e saneamento, que são monitoradas separadamente.
Levando em consideração a execução orçamentária do programa, 15% das ações estão concluídas, o que corresponde a R$ 62,9 bilhões, 79% têm ritmo adequado, 4% merecem atenção e 2% estão em situação preocupante.
Dez ministros participaram da apresentação do balanço do PAC, no Palácio do Itamaraty.
Fonte: Correio do Brasil