Após dois meses de campanha na internet, o jornalista paranaense Anderson Araújo reuniu recursos para concretizar o “Bêbado Gonzo e outras histórias”, livro com textos que misturam realidade, ficção e técnica jornalística.
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Jornalista lançou a obra após patrocínio virtual
IMPRENSA – Como surgiu a ideia de migrar o conteúdo produzido no seu blog para um livro?
Anderson Araújo – O livro sempre foi uma ideia minha, antiga inclusive, mas não tinha essa noção de que poderia aproveitar o conteúdo do blog para fazê-lo. No começo de 2012, depois de passar por um susto com minha saúde, quis dar vazão a alguns projetos pessoais, dentre eles o livro. Com o incentivo de alguns amigos próximos, selecionei alguns textos e comecei a trabalhar para formatar a publicação. A ideia foi sendo reforçada e ganhando corpo aos poucos.
Quando decidiu publicar o “Bêbado Gonzo e outras histórias”, uma campanha online para arrecadar dinheiro era a sua primeira opção?
Não era a primeira opção. Pesquisei sobre editoras, chequei possibilidades de patrocínios antes de decidir sobre o crowdfunding, o financiamento colaborativo. A questão de ser uma forma que dá liberdade e independência ao projeto e uma interação mais direta com o leitor foram coisas que pesaram, sem contar a chance de conseguir publicar em pouco tempo – contando tudo foram quatro meses de trabalho.
Você esperava que a campanha para financiar o lançamento do livro fosse dar certo em apenas dois meses?
Não esperava. Tinha receio de não conseguir os apoios necessários e imaginava que precisaria injetar dinheiro do meu próprio bolso para que o projeto conseguisse êxito para completar a quantia que estava estipulada como meta.
A obra é composta por textos inspirados na sua vida. Qual das crônicas ou contos do livro foram mais marcantes para você?
Na verdade, os textos misturam a minha realidade, minhas vivências com ficção e técnica jornalística que, em suma, é a vida dos outros, histórias dos outros. Dentre os textos que gosto, estão o “Choro da pata” e o “O conto secreto do palhaço maldito assassino de gatos”, que são memórias reinventadas. Mas há também textos de ficção, sem referência tão direta com o real, que também me agradam, como “O assassino” e “Fim de festa”;
Você acredita que campanhas online de arrecadação de dinheiro sejam um caminho possível para outros escritores que também queiram lançar seus livros?
Acredito que esse modelo de financiamento colaborativo possa ajudar muita gente que tem um projeto engavetado e parceiros que queiram vê-lo em forma de livro. É uma forma de realização de projetos que tem dado certo e está ganhando cada dia mais adeptos no Brasil. Torço que para que seja uma maneira de estimular bons novos autores a se publicarem sem a necessidade da tutela de uma editora.