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Monumento à Liberdade de Imprensa brasileiro é premiado no "Oscar" mundial da arquitetura

O Monumento à Liberdade de Imprensa brasileiro foi agraciado no World Architectural Festival (WAF), realizado em Cingapura. Projeto desenvolvido para a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o espaço foi idealizado pelo escritório Gustavo Penna Arquiteto & Associados, destaque na categoria Cultura (projetos futuros). Esta é a quarta vez em seis anos que a agência figura entre os finalistas do evento.

 
 

Crédito:Divulgação
 
 
Considerado um potencial marco cultural na capital federal, o monumento pretende dar voz a um dos pilares da democracia brasileira, o princípio de autonomia ao profissional de comunicação. Para tanto, a obra abrangerá cerca de 1000 m², distribuídos num ambiente equipado para fornecer condições de trabalho qualitativas aos correspondentes e jornalistas que passam pela cidade.
 
 
 
 
No local, serão disponibilizadas salas de reuniões, galerias para exposições, instalações para eventos e projeções multimídias. A Fundação Henfil ficará alojada no espaço, que compreende um complexo a ser recheado pela comunidade de repórteres, que terão livre acesso para conhecer a história das Comunicações Sociais no país, como também participar de cursos e palestras feitos na área.
 
 
 
 
À IMPRENSA, o arquiteto mineiro Gustavo Penna fala sobre a concepção da iniciativa, selecionada em meio a nove empreendimentos internacionais. Ela foi desenvolvida conceitualmente em 1995, a pedido da Fenaj. No entanto, ao longo da história sofreu com as constantes paralisações da obra. A construção definitiva só foi possível graças a um acordo costurado pelo novo presidente da entidade.
 
 
 
 
Celso Schröder aproveitou a aprovação da Lei Federal de Incentivo à Cultura e conseguiu o apoio de órgãos públicos e privados, como Petrobras, Brasil Telecom, Ministério da Cultura, da Govesa e dos Correios. Com a retomada da obra, Penna enviou o projeto à apreciação da WAF. “O que está sendo premiado é a sua qualidade. E é interessante que, mesmo desenvolvido há muito tempo, mantenha sua validade, justificada tanto pela sua dimensão simbólica quanto metafórica”.
 
 
 
 
O desenho do monumento foi criado a partir de um sentido de elevação, conta o arquiteto. Segundo ele, representa o ideal presente no título a que foi atribuído à construção. “A liberdade de imprensa é uma conquista do cidadão. Não é só o jornalista que se beneficia dela, mas sim quem tenha acesso à informação, o direito à informação, o direito a conhecer o que está acontecendo na sociedade”.
 
 
 

Crédito:Divulgação
Gustavo Penna é responsável pelo projeto premiado
 
 
 
Composto em cima de algo abstrato, como o conceito de liberdade, o design está atrelado à ideia de tridimensionalização. A partir do campo simbólico, se trabalhou em dois tempos distintos. O primeiro está ligado ao solo, que representa o fato. “O arquiteto não pode inventar e colocar um prédio em um chão que não existe. O jornalista, da mesma forma, não pode inventar uma notícia sem ter um fato”. 
 
 
 
 
Assim, o fato seria o contato do monumento com a verdade, com a realidade, e neste caso, com o chão. Já a segunda fase, foi elaborada a partir da ideia liberal. “É a opinião, a interpretação, a outra faceta da notícia. Ela se liberta porque cada um pode ter uma visão da nota e depreender de alguma coisa do que a informação significou. É a interpretação do fato! Por isso que a segunda fase é a liberdade”.
 
 
 
 
 
Na construção, a presença dos vidros ao redor da obra também chama a atenção e está relacionada estritamente com o design confeccionado para o espaço alocado na capital federal.  “A liberdade de imprensa é o que a sociedade precisa cuidar. Ela tem a sua fragilidade, não é uma força definitiva e pede permanentemente cuidado e fundamentalmente atenção”, afirma.
 
 
 
 
A localização em que será inaugurado o empreendimento fecha com chave de ouro a iniciativa: no Eixo Monumental de Brasília, onde se configuram as diversas dimensões da nossa sociedade, desde os três poderes até a Biblioteca Nacional. E mais: em posição de destaque, de acordo com o arquiteto. “Em seu caso particular, ela está entre o Memorial Juscelino Kubitschek (JK) e o Museu do Índio”. 
 
 
 
 
 
De um lado, homenageia quem estava aqui antes de todos nós. De outro, possibilita recordar as memórias de quem, conforme conta Penna, deu visibilidade ao país, e nos colocou na vanguarda através da arquitetura, do urbanismo, da cidade que se inaugurava, do início da industrialização, da abertura das vias. “E formando um triângulo, está a imprensa, que assistiu a todo esse processo”, diz.
 
 
 
 
“Pero Vaz de Caminha, talvez tenha sido o nosso primeiro jornalista. Até hoje nós temos uma história narrada por esses heróis, os profissionais de imprensa, que estão sempre permanentemente à custa de perseguições e de tudo o que cerca o cotidiano do país, tendo um olhar sobre o processo da nossa sociedade”, acrescenta o arquiteto, que confessa ter torcido muito para a premiação do projeto.
 
 
 
 
 
Até a próxima sexta-feira (10/11), o evento reunirá representantes de mais de 50 países e anunciará o vencedor do “World Building of the Year”, (Edifício Mundial do Ano). A categoria será avaliada por um júri presidido pelo arquiteto britânico Richard Rogers. Em 2007, Rogers foi homenageado com a condecoração vista como mais importante da área, o Prêmio Pritzker, pelo conjunto da obra.
 
 
 
 
O World Architectural Festival, no entanto, foi concedido a apenas três escritórios brasileiros ao longo de sua história. “Recebemos esse reconhecimento com grande alegria, entusiasmo renovado e profunda gratidão aos parceiros, amigos e equipe que tornaram essa conquista possível”, diz Penna.
 
 
 
 
Confira a lista de premiados e acompanhe a programação do WAF 2014 no site oficial da premiação. 
 
 
 
 
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