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Moradores lembram visita de Michael à comunidade

Por Joyce Pimentel*

O morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, amanheceu de luto. Faixas pretas com mensagens de despedida ao rei do pop, Michael Jackson, foram penduradas em janelas e lajes das casas. A comunidade, que serviu de cenário para a gravação do clipe ‘They don`t care about us’ (Eles não ligam para nós), em 1996, passou o dia relembrando a visita do artista.
A laje localizada no Beco do Curió, no alto do morro, onde Michael Jackson gravou uma das cenas do videoclipe receberá o nome do cantor e uma escultura em tamanho natural.
A decisão foi tomada ontem pelo governador Sérgio Cabral, que lamentou a perda do cantor.
— Vamos homenagear o Michael Jackson com um espaço da laje onde ele gravou o clipe no momento em que o Santa Marta ainda era dominado pelo poder paralelo. Aquele espaço ficou conhecido como o espaço do Michael Jackson — lembrou Cabral.
A notícia foi comemorada pelos milhares de moradores da comunidade, que acostumados a serem lembrados pelas situações de violência urbana, agora terão um motivo a mais para se orgulharem.
Em homenagem ao ídolo pop, o jovem Wesley Souza, de 18 anos, desfilou pela comunidade vestido a caráter. Quando Michael Jackson esteve no Santa Marta, o estudante tinha apenas 5 anos, mas apesar da pouca idade, se recorda de todos os detalhes de quando viu de perto o lendário cantor.
— Jamais esquecerei aquele dia. Estava no alto de uma laje e acenava para ele. Foi incrível! Mal dava para acreditar que era ele mesmo — recordou.
O dia vai ficar para sempre na memória do fã, que tem discos e CDs do cantor.
— Michael é uma referência como artista e como pessoa. Sempre procurou ajudar os mais pobres. É essa a lembrança que quero guardar — disse.
Outro fã de carteirinha de Michael, Luis Paulo de Assis, 40, tem o registro de todos os passos do cantor durante as cinco horas que permaneceu na comunidade.
— Eu e um grupo de amigos registramos com uma câmera a passagem dele. Queríamos ter a certeza de que era ele mesmo e não um sósia — ressaltou.
A visita de Michael mudou de fato a vida dos moradores.
— Esse lugar jamais foi o mesmo. A vinda dele aumentou a auto estima da comunidade. Um cara como ele, inatingível, aqui entre nós! Foi demais, difícil até de acreditar — disse.
Quando perguntado por que ele acha que Michael Jackson escolheu o Santa Marta como cenário para gravação, o rapaz responde sem medo de parecer arrogante.
— Por que aqui é o único morro do Rio que temos a visão dos cinco cartões postais da cidade (Lagoa Rodrigo de Freitas, Pão de Açúcar, Praia de Copacabana, Morro dos Irmãos e o Cristo Redentor) incluindo a Sétima Maravilha do Mundo.
 
 
Só restaram as lembranças e as relíquias
 
Sem dormir a 24 horas o estudante Leandro Lapagesse, 27, parece não acreditar na morte súbita do cantor. Fã de Michael desde os oito anos, Leandro é considerado o maior colecionador do artista na América Latina.
Em seu apartamento, em Copacabana, o jovem guarda relíquias como discos de vinil, pôsteres, suvenir, revistas e outros tantos objetos do rei do pop. Não é a toa que o apelido de Leandro é Leo King, pela tamanha devoção e admiração que carrega pelo artista.
— Fui influenciado pela minha mãe e meu irmão. Michael é uma lenda e sempre será — contou.
O colecionador aguardava ansioso a oportunidade de assistir a volta do cantor aos palcos em julho. O estudante comprou, nada menos, que sete ingressos para assistir aos shows em Londres, na Inglaterra.
— Gastei mais de R$ 5 mil só com os ingressos. Seria a minha primeira viagem internacional. Ainda não caiu a ficha — lamentou.
Quando Michael esteve no Brasil, em 1996, Leandro esteve com o cantor em um encontro rápido, porém marcante, no Forte Copacabana.
— Ele apertou a minha mão e agradeceu pelo carinho. Retribuí com um eu te amo e em troca ganhei uma bala, que guardo o papel até hoje.
 

* repórter especial AIB – [email protected]

Fonte: AIB