Atriz, cantora e escritora Odete Lara
Créditos: Reprodução do Filme Noite Vazia / Divulgação
A atriz, cantora e escritora Odete Lara, um dos nomes mais representativos do Cinema Novo, morreu de infarto na manhã de hoje (4), aos 85 anos, na clínica onde estava internada, no Rio de Janeiro.
O corpo da atriz é velado desde as 16h30 no Parque Lage, na zona sul do Rio, e amanhã (5) será cremado em Nova Friburgo, cidade da região serrana fluminense, onde Odete Lara tinha um sítio.
Paulista da capital, de família italiana, nascida em 1929, Odete Righi Bertoluzzi, nome verdadeiro da atriz, começou como modelo, tendo participado do primeiro desfile da história da moda brasileira, realizado no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
A beleza de Odete chamou a atenção de um diretor da então recém-inaugurada TV Tupi. A emissora a contratou como garota-propaganda e atriz de telenovelas.
A carreira no teatro foi iniciada na mesma época, também na capital paulista. Contratada pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), ela atuou em Santa Marta Fabril S/A, sob a direção de Adolfo Celi.
No cinema, ela estreou em 1956, contracenando com o comediante Mazzaropi no filme O Gato de Madame. No ano seguinte, estrelou outra comédia, Absolutamente Certo, de Anselmo Duarte.
Em quase cinco décadas de carreira, Odete Lara atuou em 40 filmes de várias fases do cinema brasileiro. Nos anos 60, marcados pelo Cinema Novo, ela se destacou em filmes como Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri, e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha.
Com o diretor Antonio Carlos Fontoura, com quem foi casada, Odete teve grande atuação nos filmes Copacabana me Engana (1969) e A Rainha Diaba (1974). O último filme da atriz foi o documentário Barra 68 – sem Perder a Ternura, de Walter Carvalho.
Para o produtor cultural e ex-programador de cinema Fabiano Canosa, “a atuação de Odete Lara, contracenando com Hugo Carvana e Jofre Soares em O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro é um dos grandes momentos do cinema brasileiro”. Canosa se considera um “aprendiz da coragem de ser” da atriz, de quem era amigo.
“Odete era uma pessoa de alta espiritualidade. Sua vida foi uma rosa dos ventos. Atriz dos maiores diretores de cinema e teatro, encontrou um momento de tranquilidade em San Francisco, na California. Regressou e continuou a nossa Marlene Dietrich, com a voz, beleza e, sobretudo, independência revolucionária sedutora”, disse o produtor. Canosa apresenta, na Rádio MEC FM do Rio de Janeiro, o programa Kinoscope, dedicado à música no cinema.
Nos anos 80, Odete Lara converteu-se ao budismo e passou a viver em seu sítio de Nova Friburgo, onde escreveu três livros autobiográficos, Eu, Nua, Minha Jornada Interior e Meus Passos na Busca da Paz. Nos últimos anos, por problemas de saúde, voltou a morar na capital fluminense, no bairro do Flamengo.
Em nota à imprensa, a secretária estadual de Cultura, Eva Doris Rosenthal, definiu Odete Lara como “uma mulher forte, à frente do seu tempo, que sempre seguiu seu coração e que deixa um legado importantíssimo para a cultura brasileira”.
Agência Brasil