Uma conta de luz será entregue, pela primeira vez, a todos os moradores do Morro Dona Marta, na zona sul do Rio, neste mês. A favela passou a ter toda a sua rede elétrica regularizada em julho deste ano. O trabalho começou em dezembro do ano passado, no mesmo momento em que se instalava o policiamento comunitário no Dona Marta.
Segundo o superintendente da distribuidora de energia Light, José Geraldo Pereira, antes do projeto de regularização, apenas 10% da comunidade tinham suas ligações de energia regularizadas.
“Tivemos seis meses construindo uma rede. Tem algumas dificuldades geográficas, até pela falta de acesso. Tivemos que desenvolver postes especiais, porque nossas equipes tiveram de subi-los na mão”, disse.
De acordo com Pereira, já existem outras comunidades carentes do Rio de Janeiro com fornecimento de energia elétrica regular, mas há uma série de dificuldades enfrentadas pela distribuidora nesses locais.
O valor da energia dos moradores do Dona Marta terá como base a chamada tarifa social, que custa cerca da metade do valor da tarifa convencional, cobrada dos moradores de outras partes da cidade.
A feirante Eurídice da Silva, de 72 anos, é uma das moradoras que vai receber uma conta de luz pela primeira vez. “Eu não pagava luz, não. Era tudo ‘gato’. Eles tiraram os ‘gatos’ todinhos e trocaram a fiação todinha, de dentro e de fora da minha casa. Acho melhor assim [com a cobrança da luz], porque eu vou pagar o que eu ‘como’, se eu ‘comer’ muito, pago muito, se eu ‘comer’ pouquinho, pago pouquinho. E eu vou pagar pouquinho porque só tenho uma televisão”, disse.
Além de ter a distribuição regularizada, está sendo feito um trabalho de conservação de energia na comunidade, com iniciativas como a troca de geladeiras velhas por aparelhos novos, que são mais econômicos. Mais de 670 equipamentos deverão ser trocados no Dona Marta.
A idéia é, em breve, estender os programas de regularização da distribuição e de conservação de energia às outras comunidades que já receberam o policiamento comunitário: Cidade de Deus, Batan, Babilônia e Chapéu Mangueira.
O trabalho da distribuidora de energia tem sido feito junto com o policiamento comunitário, porque esse novo tipo de patrulhamento garante a presença constante da polícia nas comunidades e inibe o controle do território por grupos armados ilegais.
Fonte: Agência Brasil