O Ministério Público Federal está investigando a participação de deputados e assessores em um suposto esquema de venda clandestina de passagens aéreas emitidas com verba oficial. Os procuradores acreditam que parte das passagens, que deveriam ser destinadas aos parlamentares, tenha acabado nas mãos de agentes de viagens e atravessadores. Segundo o MP, eles comprariam os bilhetes na Câmara com deságio de até 25% em relação ao preço das companhias aéreas. O lucro com a operação ilegal seria dividido entre deputados, assessores e terceiros. A suspeita de que a farra das passagens não tenha beneficiado só parentes, amigos e artistas ligados a deputados cresceu. Ao comparar registros de voos pagos pela Câmara com as requisições oficiais, os procuradores identificaram um grande número de passageiros que voaram à custa da Casa sem ter relação aparente com parlamentares
Em dois anos, 49 viagens internacionais
Integrantes da Mesa Diretora da Câmara usaram as cotas de passagens aéreas para viagens de turismo com familiares no exterior. Foram 49 viagens internacionais dos deputados, suas famílias e seus amigos, entre 2007 e 2008, segundo revelou o site Congresso em Foco. Os integrantes da Mesa têm cota extra de passagens. O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), 2 secretário, usou seus créditos para custear viagens da mulher, das filhas e da neta para os Estados Unidos e a Europa. Foram 16 trechos para Nova York, Frankfurt e Milão. Inocêncio, irritado, disse não ter cometido ilegalidade:
– Sou cumpridor das regras, não vejo ilegalidade. A partir do momento em que ficar proibido, vou cumprir. Eu fazia economia, viajava nos voos mais em conta. Nas férias, acho que tinha direito de usar a cota. Família é sagrada, não tem nada demais.
Fonte: Congresso Em Foco