Início Plantão Brasil MST diz que não tem medo de CPMI

MST diz que não tem medo de CPMI

Membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, afirmou em entrevista à Agência Brasil que o movimento não tem medo de que suas operações sejam investigadas. “Não tememos absolutamente nada”.
 
O vice-líder do DEM, deputado Onyx Lorenzoni (RS), informou que já tem o número de assinaturas necessárias de deputados e senadores para a criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) destinada a investigar o repasse de recursos públicos por meio de organizações não governamentais (ONGs) e as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
A instalação da CPMI vai, na avaliação de Gilmar Mauro, criar um “palco” para que os opositores da reforma agrária ataquem os movimentos sociais. “[A CPMI] vai ser um palco para criminalizar, estigmatizar, não só o movimento dos sem- terra, mas outros movimentos no campo. Por isso, a gente não queria que acontecesse essa CPMI, para não dar mais esse palco de tentativa de criminalização desse movimento”, disse.
 
Para ele, a invasão da fazenda da Cutrale não foi decisiva para impulsionar a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os repasses do governo federal para o movimento. De acordo com Mauro, já havia a intenção por parte de parlamentares ruralistas de instaurar a comissão, e o incidente foi utilizado como pretexto.
 
No entanto, o líder do MST reconheceu que a divulgação da ação na fazenda afetou a imagem do movimento. Ele atribuiu a veiculação dos fatos ocorridos a uma campanha para tentar desacreditar publicamente o MST. “O que está se fazendo é um carnaval, da imprensa, dos meios de comunicação e de vários políticos para tentar criminalizar o movimento”.
 
A fazenda pertencente a empresa Cutrale em Borebi (SP) foi ocupada pelo MST no último dia 28. Os manifestantes permaneceram até a última quarta-feira (7) e, durante o tempo em que estiveram no local, destruíram parte da lavoura de laranja.
 
Segundo Gilmar Mauro, a derrubada do laranjal foi uma ato de desespero. “Há um desespero das famílias para resolver uma situação que é muito grave. Têm famílias acampadas há nove anos”, afirmou. “Nem se imaginava que teria a dimensão e a repercussão que acabou havendo”, completou. 
 
Mauro negou que a derrubada de parte das árvores da fazenda possa ser qualificada como vandalismo. “Vandalismo é não cumprir a Constituição brasileira que prevê a arrecadação de terras que não cumprem a função social”, afirmou. O termo vandalismo foi usado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se referir à atuação do MST em Borebi.
 
O líder do MST também negou a destruição de tratores e equipamentos da propriedade, como afirmam a Cutrale e a Polícia Militar. Ele garante que os equipamentos já estavam danificados antes da chegada dos manifestantes.

Fonte: Agência Brasil